quarta-feira, 2 de setembro de 2009


Só pra constar, algum dia eu cobrei algo de alguém?
Eu exigi algo além do que me podia ser dado?
Não to dizendo que me conformo com pouco, mas pouco pra mim não é bobagem também.

Agora já são 1:15 da manhã, e logo mais devo me encontrar no anatômico para pintar crânios! Eu deveria estar dormindo, mas não consigo. O coração bate apertadinho, e eu sei por que, sei o motivo que o faz bater apertado, mas não sei denominar isso.
Disso tudo, só consigo prever duas coisas (é, eu tenho esse lado que funciona as vezes): surtos egocêntricos e uma noite não dormida, perdida em pensamentos, pensando no passado, presente e futuro.

Realidade é percepção, percepção não é memória, logo memória não é realidade!
Algo viajante, estilo efeito borboleta, mas é verdade. Sempre detestei o filme, por acreditar que se fosse isso possível (mudar o presente reescrevendo o passado) era uma forma covarde de viver. Entendo hoje que mais uma vez estava certo quem me disse - acho que foi um professor de literatura do cursinho - que rejeitamos algo que não compreendemos. É muito mais fácil dizer que o autor, do que quer que seja, é um inútil, viajante, ou tem péssimo gosto, do que admitir que não consegui chegar à mensagem da obra.

Pois bem, percebi hoje, que a partir deste exagero, alguém tentou me provar o que só entenderia quase que exatamente 4 anos mais tarde, depois de uma aula de processos cognitivos: memória não é realidade! Tudo o que é revivido pelo sopro da memória, passa pelo crivo dos nossos desejos, e a eles é subjugado. A forma de trazer à tona determinada situação, pode mudar completamente o mocinho e o bandido, pior: cria ódios que não existem.

Até pouco tempo atrás eu fui vítima da irrealidade da memória, carregava uma ojeriza da mocinha, de um constructo por mim elaborado. Enfim, mesmo percebendo que meu constructo nada tinha lógica existencial, não tive vontade de trocar mais do que duas ou três palavras com ela.

Mas continuo pensando... esse me acompanha há tempos, qual é o meu problema? Qual a minha complexidade? Por que me ponho numa armadura, que me faz ficar longe do coração? As vezes penso que devo dar razão à todas as pessoas que um dia se espantaram ao me ouvir dizer que não me apaixonei, ou poucos arrancaram isso de mim (suspiros de paixão). "Como que uma menina de 19 anos não se apaixonou?!" pfffffffff já ouvi muitas vezes. Ainda estou decidindo se na verdade eu simplesmente separo as coias, ou se realmente o calor da minha mão significa um coração frio.

Não sei... sei que isso tudo me priva de sonhar demais, de correr o risco de cair, e me machucar. Quando eu disse que era forte, que nao deveria sentir-se mal por ser por uma só vez, que isso não me machucaria, não estava mentindo. Muito embora cada vez pense que deveria ser o contrário, ser sozinha me é interessante, talvez conveniente seja a melhor palavra.

Pior que não existe melhor palavra, não há mais o que explicar, nem o que eu queira dizer.
Escritos que fiz na aula de personalidade, que realmente não têm sentido:

[1]
Ser porque te sinto
Ser porque te sou
Viver porque me vivo
Te ver porqeu meus olhos
Você reflexo de mim
Existe porque te desenho
Se do sonho acordar
Não mais existirá.

[2]
Sua verdade é tão persuasiva
Sua mentira é sua verdade
Que convence e toma
Que tira e arranca
Arranca dilacerando
Arranca matando por dentro
Quem me obriga a acreditar?
Quem diz aos outros que assim deve?
Por que fez assim? Por que é assim?
Por que? Por que?
Quando se acredita na verdade de outrém
Quando se espera algo de outro.
A queda dói.
A queda magoa.
Verdade. Verdade sua
Verdade minha
Mentira que é verdade
Verdade que se faz mentira.
É fácil?

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