domingo, 28 de abril de 2013

Não diga "eu te amo"

E não é que eu esteja endurecida de coração, mas é que gostaria de sentir a verdade e a sinceridade nestas palavras curtas, neste verbo singelo. Tantas mensagens "bonitas" (muitas vezes enjoativas), que contam histórias mirabolantes de pessoas que morreram sem dizer para a outra que a amou. Dramático. Ai termina com aquele velho bordão mais ou menos assim: "Amanhã pode ser tarde demais para dizer 'eu te amo', por isso diga agora a todas as pessoas que você ama", e então a pessoa, tocada por uma força contagiosa do amor viral, encaminha mensagens de amor (por vezes tri-repetidas), adiciona no início do e-mail algo do tipo "A correria do dia-a-dia muitas vezes nos impede de dizer o quanto nos amamos, por isso estou aproveitando a oportunidade", inspirada em outro e-mail inspirado em livros de auto-ajuda.

Não cobro nada do tipo "ligue para essa pessoa", "vá à casa dela", "escreva uma carta". Apenas que ame aquela pessoa em especial, e faça sentir isso. Um e-mail, torpedo, ou scrap inesperado, pessoal, brotado no coração e transmitido a outro coração, sabe? Isso é fazer sentir o amor. A pessoalidade! Não estou dizendo, contudo, que é feio ou proibido encaminhar e-mails, ou dizer "eu te amo", eu só implico com a vulgarização das coisas.

Isso de "envie de volta para todas as pessoas que ama, inclusive para quem te enviou este e-mail", poxa... poderiam terminar assim "agora pense nas pessoas que ama e faça algo para elas". Não sou contra o amor coletivo, mas vamos combinar, né? Pega uma lista de dez recados, oito estão dizendo "amo vocês"/"amo todos"... chega ao último, já tá vazio e cansativo, sei lá, talvez a pessoa se sentisse na obrigação de amar de volta.

Não estou com isso duvidando da boa intenção e do amor de quem teve a ideia, e de muitos que mandaram, mas sinceramente? Não acredito em tudo não.

Na psicologia, às vezes a gente discute sobre essas coisas, "obrigação de amar", é esquisito, não é? Mas é assim mesmo. É abominável uma mulher que não queira criar a criança que pariu, uma mãe/um pai que ame mais um filho que ao outro, uma pessoa que prefira viver isolada das outras, alguém que deteste publicamente algum de seus parentes. Há quem diga que não amar causa câncer. Mas ser obrigado a amar também não causaria?

O amor deveria ser motivo de orgulho "oh... ele me ama!" não uma coisa banal "ah... ele me ama.", deveria ser algo extraordinário, que fizesse sentir especial.

Não sei. Dizem que amores vêm e vão como uma estação, mas e quando ele não chega  a durar nem uma estação, me diz? Eu sei, eu sei, a gente se engana, o mundo gira, muita coisa muda e acontece, pode haver amores que durarão menos tempo sim, mas tais casos deveriam ser exceção.




Não diga "eu te amo", viva o amor.
Os olhares perdidos na lembrança
Trazem de volta o que era
O que sempre fui.

Os olhares prendidos no passado
Fazem voltar o que nunca existiu
O que eu era.

Os cabelos soltos ao vento
Transmitem uma sensação de frescor e liberdade
O que quis ser.

Você perdido no passado
Que eu nunca quis trazer de volta
E nunca deixei de sentir tão perto
É mistério, como nunca deixou de ser.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Café na cama

Tem dias que um bom dia,  simples que é,  são tão gostosos - ou mais - que um café na cama.
Juro,  se não acreditas. Acordei hoje com aquele ar de preguiça, sem saber se levantava de uma vez ou se veria os e-mails na cama e quem sabe os artigos que não consegui antes de dormir na noite passada.

De olhos ainda fechados, ouvi alguém que chamava. Podia ser qualquer um,  mas era quem foi. Podia ter dito qualquer coisa com função,  mas apenas disse algo com cuidado. Sorri. Respondi.

Fiquei ali parada,  um momento ou dois,  degustando aquela delicia de café. E que café.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

1º de abril

E você me enganar dizendo que fui e que sou seu único amor. E eu por minha vez,  te enganar dizendo que não me importa não ser a primeira desde que seja a última.
Dois sorrisos.
Duas juras de amor eterno, sinceras por cinco segundos.
Alguém olha pro lado. O gosto amargo do passado lhe vem à boca,  logo sufocado pelo hálito de menta do beijo roubado.
Um de nós percebe algo que nunca tinha visto antes, mas continua fingindo que não era nada. Afinal,  pra que revoltar águas do passado,  pra que revogar intempestividade depois de conquistar a paz?
Um novo sorriso. O outro agora acredita que é sincero e permite que lhe apareça um leve brilho de alegria. Inconsciente, comemora o sucesso da operação.
Um beijo.