sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Maria

Hoje me perguntaram de você.
Se te conheci, se me lembrava...
É claro que eu me lembro!
Faz quase 22 anos, mas ainda me lembro.

Perguntaram como você era.
Contei que era incrível, cheia de vida, um amor.
Então pedi que rezássemos outra Ave Maria em sua memória.

Seus quatro netos mais novos...
Acho que foi a primeira vez que chorei a sua partida.
Falava do quão maravilhosa você era,
Falava sobre quando a gente brincava.

Tentei fazer não perceberem que eu chorava,
Mas, no fundo, eu estava orgulhosa.
Senti orgulho porque dentre aqueles olhinhos sem memória eu tinha história pra contar.
Porque mesmo sem te conhecer, um desses olhinhos se lembrou de você.

Senti saudade...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Porque, porque, porque

Porque depois quem acordaria destruída seria eu.

Porque pra você e seu cinismo é sempre muito fácil, sempre foi assim. Mas tenho que conviver com o peso da culpa a dois, da desculpa.

Porque mesmo sem querer e sobretudo sem poder, me pego te esperando, e olhando a janela, e vigiando o telefone - aquele que ninguém pode ver. E minha espera é sempre em vão.

Porque finjo te tratar com indiferença, como se fosse apenas mais um - mas nunca é. E tenho que fingir que nunca foi o que todo mundo já sabia.

Porque é o álcool, mas nunca culpo o álcool, porque o desejo sempre existiu.

Porque é apenas desejo, mas a mente não deixa seguir o impulso do corpo, porque pra mim não é só carne. Mas também não é amor. Nunca foi amor, ao contrário, sempre foi uma expectativa de fuga do amor.

Porque apesar de tudo, sempre vai ficar no ar...