domingo, 21 de novembro de 2010

Corretivo

Nem em mil anos serei capaz de sintetizar o que vivi naquele instante.
Por mais que eu tente, você calou as minhas palavras de uma forma que me agradou.
Mas não me calei. Lembra-te? Custa-me o silêncio. Por isso mudei o conteúdo do meu discurso.

Bem me parece que virou uma carta, mas não o é. Ao menos não deveria ser.

Mas tanta coisa também não deveria e é, que nem me arrependo. Delas.


Talvez o silêncio não me custe tanto mais. Acho que estou conseguindo ouvi-lo agora...
Sempre evitei ouvi-lo. Acho que é porque ele sempre dizia de mim.
Não ouço a minha voz naquele silêncio.Nem mesmo a de ninguém. Apenas escuto o que os olhos querem mostrar.

E me pego num riso gostoso e tímido. Terno e sereno.
Sinto que posso mudar. Transferir o foco para outro objeto, seja ele qual for.
Pareço me agradar com tal possibilidade. Ai eu me refaço, e crio.

Fazia tanto tempo que eu não falava de mim... Muito, muito, muito.
Sempre ela, ainda que ela fosse eu.  Ainda que ela não me fosse, eu faria ser, e mais uma vez, ficaria algo no ar.

E não ficará nada desta vez?
Impossível!
Mas toda regra tem uma exceção!
E viraria meu monólogo de novo.

Mas não entendo... Mas vejo, e percebo, e então compreendo. Minha visão de mundo está mudando.
Só que isso não é mérito de ninguém. Apenas meu, que fui correndo pelo vento para aprender. E sabendo, posso ver que vejo diferente, e posso perceber o que nunca vi.

Aliás, isso me fez lembrar de uma conversa que tive com minha mãe outro dia... Ela pediu que eu visse algo que estava no meu campo de visão, mas negava-se a me mostrar onde estava.

Fiquei olhando um bom tempo para o tudo e não via nada, e ela não acreditando, brigava comigo. "Como assim você não vê?" A flor de jambo (como se fosse a coisa mais natural do mundo)!" "Mas aonde?" "No chão. Olha pro chão!". Até que finalmente ela se cansou e me mostrou.

Achei engraçado como ela argumentava... talvez um pouco até como a forma que ela não entendia o que eu contra-argumentava.

Como assim, assemelho-me a um homem porque não consigo ver o que está no meu campo de visão? Ver eu vi, só não enxerguei. É aquela diferençazinha básica entre como em rir e sorrir.

Na verdade eu não percebi. E isso é lógico! Como eu perceberia algo que não conhecia? Eu olhava o conjunto, me prendia aos elementos que eu conhecia, como quando os nativos avistaram as naus colonizadoras aproximando-se da terra em 1500. Há quem diga que eles só as viram mesmo algum tempo depois, quando seus cérebros já estavam aptos a perceber aquilo que viam se aproximando.

Agora meus olhos já conhecem o que é uma flor de jambo, e se alguma dessas cruzar o meu caminho um outro dia, eu poderei ser capaz de diferenciá-la, tal como não o fiz quando aquela flor rosa resplandecia no meio daquela paisagem marrom.

Ainda assim, não serei capaz de produzi-la nos meus pensamentos. Mas vivendo-a outras vezes mais, conseguirei. Sei que sim!

Tal como uma voz... [específica] Tal como um romance... [específico]

Mas ela jamais compreenderia...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A chuva.

Lá fora faz uma chuva tão gostosa, e eu aqui presa em frente à máquina... não, não. Não quero sair, não posso. Estou trabalhando, estou produzindo, estou analisando. Estou só fazendo um trabalho para a faculdade. Um trabalho que vale por todo um semestre. Um trabalho que por mais que me empolgue, me anime, não me completa, não me traz vontade.
O tema, bem interessante, não nego. Arquétipos. Algo muito complexo, eu diria, e talvez por tanta complexidade, formador de neuroses!
Arquétipos... cada eu num instante agora que depois se volta, e se reverte, tanto que me diverte.
Mitos. Mitos e arquétipos. Por que me é tão difícil relacionar se um vem do outro um é a imagem do outro, que somos nós naquilo que somos em comum.
Uma imagem que ilustra setores desse nosso banco de dados coletivo, concernentes à tantas gerações de uma raça tão estranha que é a humana. Arquétipo. é quase isso o que ele é. Mas não ouso em me atrever falar dele. Ou me mato na vergonha de perceber que à véspera de entregar meu trabalho ainda não sei explicar o que seja (embora pra mim eu já saiba o conceito).

Enquanto isso chove lá fora, uma chuvinha leve, descontraída, que me chama para a cama, mas o medo de não voltar é tão maior que nem sei o que faço.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Talvez hoje fosse um bom dia pra uma poesia... poderia até sentir-me levemente inspirada, mas não estou. Aliás, estou levemente preocupada, talvez justamente por não pensar em nada, talvez justamente por pensar em tudo, talvez justamente por não pensar em nada por pensar em tudo.
Penso, penso, penso. Muito penso e faço pouco. Me mato pra fazer tudo. Tudo ao mesmo tempo e enquanto há tempo. Ao mesmo tempo, não faço nada.
Dá uma angústia sabe, uma coisa aqui dentro... sinto que estou inoperante, ou que operar não vale nada. Nada custa, nada é...
Vou me comportar. Como foi mesmo que ele disse?
Algo mais ou menos sobre isso, aliás, era isso. Mas não lembro dos termos... aaah.. boas aulas de comportamental, têm me valido de bom divertimento, por assim dizer, se é que posso dizer.

Talvez hoje fosse um bom dia para dormir cedo também. Mas não o fiz. Não escreverei uma poesia também.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Vontades

Vontade besta.
Vontade besta e boba.
Vontade de lhe ver.
Vontade de lhe dar um abraço.
Vontade de segurar sua mão.
Vontade.
Vontade besta.
Vontade boboquinha.
Mas é vontade
E é só minha.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Porque eu acho tão divertido falar-lhe que custa-me o silêncio.