domingo, 1 de dezembro de 2013

Saudade

Pois sempre será uma ferida que ficará aberta. Sempre terá um quê de inacabada, de vontade de vir a ser e nunca será.
Então terá o gosto amargo no fim.
Vou acompanhar seus passos, mas não segurarei a sua mão. Vai doer, mas não será para sempre.
Espero.

domingo, 3 de novembro de 2013

Nonsense

Um convite, um telegrama e vai tudo para o ar.
Hoje foi um dia bom, mas hoje o dia não teve sentido!
Sempre que você aparece eu fico horas (aqui se lê dias) pensando nos porquês de tanta coisa, pensando na resposta de tanta coisa,  que nunca faz sentido.

Você não faz sentido!  Achei que nunca mais fosse usar essa frase, com ninguém, mas realmente você não faz sentido.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Steps

E os sãos hão de me dizer, estais louca.
E com o peso de toda a culpa responderei, perdão.
E os sãos hão de coroar-me com a coroa do amargor.
E com o peso de toda a culpa responderei com uma lágrima.
E os regados de razão hão de dizer, estais a salvo.
E o pouco de sanidade que me restar, me vestirá de amarelo.
E com o peso de um dia colorido, terei um dia mais feliz.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Um tormento

As palavras me vêm e me fogem com uma facilidade, como um catavento que me sopra e me gira, deixando-me atordoada, sem ar, com a ligeira sensação de que perdi algo importante...

Uma revolta qualquer

Palavras cheias de atitudes vazias.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Era um daqueles planos que a gente ainda arrisca ter. Com medo mesmo,  sem medo. Com vontade.
Era um daqueles objetivos de vida sem compromisso com a realização, mas que ainda assim a gente ousava desenhar.
Era só uma vida, uma vida que um dia a gente quis ter.

Confessionário II

Talvez quando isso tudo estiver bem, eu vá rir do que aconteceu.

Mas por enquanto há um quê de amargura, que eu sei bem, e que eu quero sentir - me deixa... porque não é errado. Sinto que não o é.

Me falaram que eu devia cerrar os dentes, fazer um sorriso e sambar na cara, mas sinceramente, creio que algumas pessoas acreditam que passar por cima com uma persona alegre vai esconder o bico que você carrega, só que esquecem que o sorriso da persona é demasiado grande e mostra o rosto que tem por trás. A persona também mostra olhos vazios, e qualquer um pode ver. E esse é o preço do alarde.

Mas essa coisa de se afirmar mulher forte e independente causa confusão em ainda, nós estamos aprendendo como se faz, e às vezes, mais algumas do que outras, acreditam que para ser tudo isso precisam passar de trator por cima de si mesmas, dizem que está tudo bem e que pra ela tanto faz.

E tanto faz é o cacete, porra!*

Dói o estômago ver essas coisas, muito embora não saiba explicar bem o porquê. E acho que no mínimo tenho o direito de admitir isso.

Não, não sinto raiva, não sinto ódio, mas também não queira que eu não sinta nada. Estou desapontada, decepcionada, simplesmente porque faltou tudo que tentei ser. Coragem...


*Foi preciso usar de palavras chulas para por pra fora toda a angústia.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

E assim, me lembrando pelas metades, vou me esquecendo por inteira.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Notívaga

Essa noite seremos só você e eu.
Preciso armar um bom plano para que cada minuto que nos escapa seja, na verdade, um minuto que nos nasce e transforme um quê de algo novo em mim.
Que cada minuto que nos transborda faça nascer algo especial naquilo que não sou, mas que quero vir a ser.
Que nesta noite, que prevejo, vai render, faça-se um grande bom encontro em mim. E modifique um quê de algo novo assim.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

This morning

Que a cada dia a potência do que poderia ter sido, seja.
Que neste dia que nasce, milhões de portas e janelas se abram, e você saiba escolher o melhor caminho.
Que tudo lhe seja novidade e que você saiba apreciar cada sabor - e que tenha com quem compartilhar.
E os perfumes lhe sejam agradáveis e remetam a doces lembranças.
Mas que as velhas coisas ainda te alegrem.
Que a cada dia, a potência do que poderia ter sido, seja.

sábado, 17 de agosto de 2013

Cognição

Tudo que é incognoscível me atinge, me perturba, me atormenta, me atrai.
Tudo que é você me atinge, me perturba, me atormenta, me atrai.
Tudo que é incognoscível, tudo que é você.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Exame final

Eu ainda vou achar uma canção que vá me libertar. Presa num vazio, num possível, num silêncio. Haverá uma resposta onde eu procurar, eu sei. Para cada pergunta que meu exame de consciência me fizer, haverá uma resposta onde eu procurar, eu sei. Será que ela saberá mostrar-se como uma resposta, ou ainda terei de talhá-la, decifrá-la antes que ela me devore?
É preciso fazer a pergunta certa.
É preciso fazer uma pergunta. O que é certo, a gente acerta.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Quarta-feira

Uma gestante, uma idosa e uma criança. Pequenas pessoas, pequenos atos, um sorriso congelado no rosto e uma despedida de algum desconhecido.
A vida tem dessas coisas,  não é?
Eu quero acreditar que sim. Pensar que é normal,  neste mundo louco, fazer coisas boas, que não custam nada e nem de recebe troco.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Quanto vale uma curiosidade?
Quanto vale se parte do preço é o apreço ou o medo de não alcançar o valor que vale?

terça-feira, 30 de julho de 2013

Memórias

- E se esquecer sozinha do tempo que já é passado.
- Quem nunca? Mas sempre tem alguma coisa pra lembrar, sempre tem algo pra se recordar.
- Sempre tem alguém pra te lembrar.
- Nunca antes passara nada batido...
- Então por que esse medo agora?
- Vai ver é a idade.
- Tenha dó! Nem bem completou 30!
- Mas tem todo o lance do estresse e da cidade grande...
- Que ainda assim parece-me uma desculpa.
- E todo o mundo de informação que passa diante dos olhos, às vezes por menos de um clique?
- Ai você tem razão...
- Acho que é mais fácil eu me lembrar da macarronada com frango assado do almoço de domingo de 94 do que me aconteceu antes de ontem.
- Mas essa macarronada com frango assado do almoço de domingo de 94 aconteceu por todo 1994. Assim não vale. Se for parar pra analisar, vai sintetizar todos os domingos numa memória só! Quantos antes de ontem você viveu?
- Ao pé da letra, todo dia tem um antes de ontem novo... mas igual ao antes de ontem, não teve não.
- Então já é um começo. O que ele teve pra ser diferente dos demais?
- Não lembro!
- Mas como não?! Foi só há dois dias.
- Estou dizendo como anda minha memória...
- Acho que você não está se esforçando...
- E eu acho que você está me amolando!
- Tudo bem, mas não é hora de ficarmos fazendo rimas. Discutimos algo sério.
- É verdade. Do que é mesmo que falávamos?


terça-feira, 25 de junho de 2013

Me usa, me solta, me amassa e me ignora.
Finge que teme, mas só me amola.
Fica de lado, me deixa, me enrola.
Deita do lado que já passou a hora.
Me quer, me ignora e some.
Agora quer que te encontre?

terça-feira, 11 de junho de 2013

Every morning

Todo dia me deparo com a potência do que poderia ter sido, mas não foi.
Todo dia, quando um novo dia nasce, milhões de portas e janelas se abrem, mas eu escolho apenas uma - sempre a mesma - que sei por onde ir e pra onde vai.
No fim, não tem tanta novidade - e me torno um tanto quanto previsível, mas eu gosto assim.
Sinto o cheiro bom do mesmo café ruim, e isso me dá conforto, me faz sentir perto de casa, pra onde eu nunca mais fui.
Não me lembro qual foi a última vez que vi aquela rotina, e aquelas pessoas. Tudo tão novo e ao mesmo tempo, tão velho.
Já não sei mais do que sinto falta.
Seu cheiro? Já não me lembro mais. Nem mesmo seu sabor, e acho que isso já não importa.
Todo dia me deparo com a potência do que poderia ter sido, mas não foi.

domingo, 2 de junho de 2013

E que quando o tempo nos disser que não nos resta mais tempo, que ainda nos haja tempo de ficarmos ao menos mais uma eternidade.

sábado, 1 de junho de 2013

Fuga nº11

E quando me vir andando distraída, siga-me longe e silenciosamente, para que eu não perceba que estás por perto, mas ainda assim sinta que estás comigo.
Aponte-me uma estrela. Assim, quando por acaso me perder, saberei me achar.
Se eu vier a te mandar um torpedo de madrugada, respondas que sorriu. E se por ventura eu estiver ao teu lado, toca-me e sorria para mim.
E se eu acordar no meio da madrugada, não me segures se eu for embora. Porque, se deixardes a porta aberta, pode ser que um dia eu volte...

sábado, 18 de maio de 2013

Telegrama para o céu

Guardo um retrato teu e a saudade mais bonita...
E em qualquer sandice minha, eu te ligava dizendo que te amo, tenho saudades e desejo te ter por perto por muitos anos mais e que nas férias estou indo te encontrar.
Essa última semana tem sido tão difícil... Desde quando no meio da missa eu me dei conta de que já se passaram dois meses da partida oficial, por volta de três meses que tudo começou...
Hoje seria seu aniversário, mas não tem mais você. É um aperto pensar que agora a minha vovozica só existe dentro da gente e que seu espelho são fotografias que a gente tem.
E fiquei vendo as fotos que a gente tirou nas últimas férias, e quando eu deitava no seu colo e me fazia cafuné, ou quando você deitava no meu colo e eu que lhe acariciava enquanto você cochilava despretensiosamente tal como fazia quando me contava histórias para dormir.
Ainda me lembro do tom da sua voz, mas tenho medo de que chegue um dia que eu não lembre mais. Ainda guardo o sabor do seu fricassé, e do famoso baca da Magdá - coisas que sei que nunca terão um concorrente à altura. Ainda recordo toda a sequência de nomes proferidos antes de chegar ao meu (ou de qualquer outro). E guardo ainda a sua generosidade e caridade e a sua força, porque apesar dos pesares, cuidou tão bem de um pai centenário, assumindo a linha de frente.
Por fim, considerando tudo que se passou, devo sustentar um sorriso tímido ao canto dos lábios ao perceber as marcas que deixastes na minha história e que não posso esquecer. Já não faz mais sentido desejar feliz aniversário, mas posso garantir que fiz de tudo para ter um feliz dia do seu aniversário. Durma bem.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Às vezes perdemos tanto tempo fazendo o papel de vítima, que acabamos nos esquecendo de atuar como heróis...

domingo, 28 de abril de 2013

Não diga "eu te amo"

E não é que eu esteja endurecida de coração, mas é que gostaria de sentir a verdade e a sinceridade nestas palavras curtas, neste verbo singelo. Tantas mensagens "bonitas" (muitas vezes enjoativas), que contam histórias mirabolantes de pessoas que morreram sem dizer para a outra que a amou. Dramático. Ai termina com aquele velho bordão mais ou menos assim: "Amanhã pode ser tarde demais para dizer 'eu te amo', por isso diga agora a todas as pessoas que você ama", e então a pessoa, tocada por uma força contagiosa do amor viral, encaminha mensagens de amor (por vezes tri-repetidas), adiciona no início do e-mail algo do tipo "A correria do dia-a-dia muitas vezes nos impede de dizer o quanto nos amamos, por isso estou aproveitando a oportunidade", inspirada em outro e-mail inspirado em livros de auto-ajuda.

Não cobro nada do tipo "ligue para essa pessoa", "vá à casa dela", "escreva uma carta". Apenas que ame aquela pessoa em especial, e faça sentir isso. Um e-mail, torpedo, ou scrap inesperado, pessoal, brotado no coração e transmitido a outro coração, sabe? Isso é fazer sentir o amor. A pessoalidade! Não estou dizendo, contudo, que é feio ou proibido encaminhar e-mails, ou dizer "eu te amo", eu só implico com a vulgarização das coisas.

Isso de "envie de volta para todas as pessoas que ama, inclusive para quem te enviou este e-mail", poxa... poderiam terminar assim "agora pense nas pessoas que ama e faça algo para elas". Não sou contra o amor coletivo, mas vamos combinar, né? Pega uma lista de dez recados, oito estão dizendo "amo vocês"/"amo todos"... chega ao último, já tá vazio e cansativo, sei lá, talvez a pessoa se sentisse na obrigação de amar de volta.

Não estou com isso duvidando da boa intenção e do amor de quem teve a ideia, e de muitos que mandaram, mas sinceramente? Não acredito em tudo não.

Na psicologia, às vezes a gente discute sobre essas coisas, "obrigação de amar", é esquisito, não é? Mas é assim mesmo. É abominável uma mulher que não queira criar a criança que pariu, uma mãe/um pai que ame mais um filho que ao outro, uma pessoa que prefira viver isolada das outras, alguém que deteste publicamente algum de seus parentes. Há quem diga que não amar causa câncer. Mas ser obrigado a amar também não causaria?

O amor deveria ser motivo de orgulho "oh... ele me ama!" não uma coisa banal "ah... ele me ama.", deveria ser algo extraordinário, que fizesse sentir especial.

Não sei. Dizem que amores vêm e vão como uma estação, mas e quando ele não chega  a durar nem uma estação, me diz? Eu sei, eu sei, a gente se engana, o mundo gira, muita coisa muda e acontece, pode haver amores que durarão menos tempo sim, mas tais casos deveriam ser exceção.




Não diga "eu te amo", viva o amor.
Os olhares perdidos na lembrança
Trazem de volta o que era
O que sempre fui.

Os olhares prendidos no passado
Fazem voltar o que nunca existiu
O que eu era.

Os cabelos soltos ao vento
Transmitem uma sensação de frescor e liberdade
O que quis ser.

Você perdido no passado
Que eu nunca quis trazer de volta
E nunca deixei de sentir tão perto
É mistério, como nunca deixou de ser.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Café na cama

Tem dias que um bom dia,  simples que é,  são tão gostosos - ou mais - que um café na cama.
Juro,  se não acreditas. Acordei hoje com aquele ar de preguiça, sem saber se levantava de uma vez ou se veria os e-mails na cama e quem sabe os artigos que não consegui antes de dormir na noite passada.

De olhos ainda fechados, ouvi alguém que chamava. Podia ser qualquer um,  mas era quem foi. Podia ter dito qualquer coisa com função,  mas apenas disse algo com cuidado. Sorri. Respondi.

Fiquei ali parada,  um momento ou dois,  degustando aquela delicia de café. E que café.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

1º de abril

E você me enganar dizendo que fui e que sou seu único amor. E eu por minha vez,  te enganar dizendo que não me importa não ser a primeira desde que seja a última.
Dois sorrisos.
Duas juras de amor eterno, sinceras por cinco segundos.
Alguém olha pro lado. O gosto amargo do passado lhe vem à boca,  logo sufocado pelo hálito de menta do beijo roubado.
Um de nós percebe algo que nunca tinha visto antes, mas continua fingindo que não era nada. Afinal,  pra que revoltar águas do passado,  pra que revogar intempestividade depois de conquistar a paz?
Um novo sorriso. O outro agora acredita que é sincero e permite que lhe apareça um leve brilho de alegria. Inconsciente, comemora o sucesso da operação.
Um beijo.

sábado, 23 de março de 2013

Vênus

"Não falo do amor romântico,
Aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão, paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo,
E pensam que o amor é alguma coisa
Que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.
Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro,
Antes de ser experimentado.
Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.
Como fotografá-lo?
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?
Minha resposta? O amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
O amor será sempre o desconhecido,
A força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido, quer ser violado,
Quer ser transformado a cada instante.
A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
Decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
E nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor e não podemos castrá-lo.
O amor não é orgânico.
Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha
E nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
Como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
O amor brilha.
Como uma aurora colorida e misteriosa,
Como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
O amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio
Porque somos o alimento preferido do amor,
Se estivermos também a devorá-lo.
O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
Me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto."
(Paulinho Moska - Vênus)

quarta-feira, 20 de março de 2013

Apaixonando-se viu de longe o que talvez não seria. Pensou estar apaixonado, e por isso acabou se apaixonando. Não tinha razão. Não tinha nem um motivo irracional.

Sentindo-se amedrontado, fugiu. De que? Fugas tão constantes, tão incessantes, que não tornam as coisas nem um pouco interessantes, mas mesmo assim foge. É um gosto bom, não é? Poder ser alcançado, mas de repente, deixam-te escapar. Por que? É a pergunta que agora faz antes de dormir. Se era tão especial como foi dito, porque permitiram que fugisse?

É estranho, não é? Qual será que foi o gosto pra ela? Como será que estava sua pele? E o que será que ela escondeu eu seu último sorriso... Nunca saberá, e você sabe disso. Agora te incomoda, não é? Como pensou que seria? Às vezes, só o que não percebemos é que acreditando ser o fugitivo muitas coisas escapam de nós. Agora você sentiu a angústia, não é? Posso ver nos seus olhos. Pude sentir a cada  pergunta feita, como uma faca afiada.

Pareço deliciar-me com isso, mas não. Estou apenas percebendo. E às vezes a gente vê algo que surpreenderia contar. Ai a gente pergunta, que é pra ver se você também sabe. Mas isso é detalhe. Ainda penso na fuga. Eu gosto de escorregar. Gosto de seguir pistas, pegar detalhes. Gosto de encontrar fugitivos.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Baile de carnaval

Seja um pouco de emoção para mim, mas não me assuste, eu lhe peço.
Ontem vi você passar, ou poderia ter visto, ainda não sei desse delírium. Pra ser bem sincera, acho que era tantos você que eu procurava que é bem capaz de você ter passado despercebido sim. Culpa desse baile de  máscaras e confusões, talvez.
Mas isso daqui não é bagunça. E  eu não sou bagunça! Preciso me repetir isso diariamente, que é pra ver se eu me levo a sério desse jeito. Tentei ser algo leve, suave, mas não sei em qual ponto isso se misturou com bagunça. E eu não quero nada do jeito que era antes. Quero mudar em mim, pra mudar pra mim. S obre tudo.
Acho que está claro esse movimento de reinventar está ativo em mim. Estou tentando fazer isso mais intenso que naturalmente se faz - porque nós somos um fluxo, e fluxo tal com o somos, nos modificamos a cada experimento. Estou  tentando...
E isso não é só uma nova fantasia

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Saudade é uma palavra que mora longe...
Hoje vi uma foto que me fez pensar em você. É uma pena, às vezes ainda olho pro céu e penso em você, procuro aquela estrelinha que eu carinhosamente apelidei de você, só pra sentir que sorrateiramente ainda estaria perto. Quanto tempo faz? Os anos vão se passando, e eu vou perdendo a conta, porque no fim, não importa mais.
Ainda rezo por ti quando o padre diz para pensar nos entes queridos. Penso em um ou dois mais, que chegam à cabeça a tempo. Mas em geral, você sempre é o primeiro.
Nove anos...
Ainda tenho o diário que eu escrevia coisas de quando você vinha à minha casa. Acho que você tinha a idade que eu tenho agora, e era um menino. Sweet heart, talvez o mais querido... tão sorridente, inocente. Não inocente bobo, mas sem malícia. Talvez um pouco não lapidado, em seu real estado. Tinha amor a arte.  À sua arte, e a sua maneira. Ainda lembro da sensação que tive quando passeei com você.Tive medo. Muito. Mas fiquei muito mais feliz de lembrar em como ele acabou bem.
Certas coisas eu não me lembro. Coisas que leio no diário. Não me lembro de você ter dormido aqui em casa, mas eu escrevi que isso aconteceu porque simplesmente não vimos o tempo passar e ficou tarde pra voltar sozinho. Lembro de quando ia ver você no trabalho e do dia que pulei seu abraço para abraçar minha mãe porque tínhamos brigado de manhã. Mas logo voltei para revogar o abraço que era meu por direito. Lembro da pizza do meu aniversário, o último.
Do seu corte de cabelo, do palíndromo, da sua senha, do seu prato favorito.
Tantas coisas outras eu esqueço... só não quero esquecer você.
Um sonho não tem o gosto de sonho se você não está disposto a experimentá-lo. Seguir adiante, ligeiro, sem pressa. Entrar numa padaria. Pedir o que nunca pediu antes, um sonho bem rechonchudo. E pedir pra viagem.
Ir à papelaria, comprar uma caixa bem bonita. Comprar uma fita e fazer um laço. Ir pra casa. Embrulhar o sonho. Guardar na geladeira e ir brincar lá fora.
Perceber que há alguma coisa errada lá dentro, pular a janela - é sempre bom aprender a pular janelas em caso de portas fechadas - fechar a torneira e voltar a brincar [pela porta, que se abre por dentro], e dispender horas do seu tempo naquele movimento de contrair e descontrair o abdômen, misturado com uma gargalhada limpa e sincera, mas nem um pouco sutil.
Encontrar as chaves e voltar pra casa. Ir para o quarto com a certeza de ter tido um dia bom. Dormir com a certeza de que faltava algo. Acordar com a certeza de que aquilo não era importante. Ir à padaria e pedir um pão francês.

Fênix


I could remember you.
Just you... and now... me.
Only you. Nobody else.
I could remember you... but... for what?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Do ano novo

http://goo.gl/6StzN
Hoje me preparo pra voltar pra casa. Mais um ciclo termina para dar lugar a um novo.
Deixo pra trás a mochila com tudo que fica, levando comigo uma sacola vazia para completar com tudo o que deve ser.
Experimentei caminhar sem o peso nas costas e me senti bem. Me deixei olhar para o céu sem pensar naquilo que me angustia. Sorri.
Infelizmente, não é uma sensação que consigo carregar por muito tempo, ainda tem coisa que me desaponta e isso dói. Eu tento ser forte e não chorar, mas caramba, dói!
Isso não fica na mochila, porque deixei para trás há muito tempo, e talvez me cutuque justamente por isso.
Acho que o importante é pensar no agora em diante, estabelecer metas e principalmente cumpri-las. Descobrir o que é importante e voltar às coisas mesmas. E não desperdiçar energia.
Um brinde!
Agora começo a voltar pra casa.
Tenho a nítida impressão de que dei passos importantes, pelo menos para mim.
Sinto-me revigorada e cheia de esperanças, sinto que finalmente o novo pode vir [de novo]. Sim, já me senti assim antes, me dei esse presente e foi bom. Muito bom mesmo!
Gosto desse gosto da liberdade, gosto desse cheiro fresco que sou eu mesma. Gosto.