quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O dia que fui ao show de O Teatro Mágico

E sai de lá com vários pedacinhos de sonho
pra guardar na memória para sempre.
A mágica.
a magia.
o sonho.
Tão lindo
Perfeito.
tão perfeito que não pude ser capaz de me lembrar
E com certeza não serei capaz de esquecer.
OTM
Beleza
magia
Mágica.
E é isso.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O corpo

O corpo é poesia
O toque é poesia
A perturbação é poesia

O toque do corpo é poesia
Tocar o corpo é poesia
Sentir o corpo é poesia

O corpo...
perturba a alma
perturba o silêncio
perturba a paz
no silêncio que o corpo faz

O corpo...
traz pra perto
leva longe
no contato que o corpo faz.

domingo, 21 de novembro de 2010

Corretivo

Nem em mil anos serei capaz de sintetizar o que vivi naquele instante.
Por mais que eu tente, você calou as minhas palavras de uma forma que me agradou.
Mas não me calei. Lembra-te? Custa-me o silêncio. Por isso mudei o conteúdo do meu discurso.

Bem me parece que virou uma carta, mas não o é. Ao menos não deveria ser.

Mas tanta coisa também não deveria e é, que nem me arrependo. Delas.


Talvez o silêncio não me custe tanto mais. Acho que estou conseguindo ouvi-lo agora...
Sempre evitei ouvi-lo. Acho que é porque ele sempre dizia de mim.
Não ouço a minha voz naquele silêncio.Nem mesmo a de ninguém. Apenas escuto o que os olhos querem mostrar.

E me pego num riso gostoso e tímido. Terno e sereno.
Sinto que posso mudar. Transferir o foco para outro objeto, seja ele qual for.
Pareço me agradar com tal possibilidade. Ai eu me refaço, e crio.

Fazia tanto tempo que eu não falava de mim... Muito, muito, muito.
Sempre ela, ainda que ela fosse eu.  Ainda que ela não me fosse, eu faria ser, e mais uma vez, ficaria algo no ar.

E não ficará nada desta vez?
Impossível!
Mas toda regra tem uma exceção!
E viraria meu monólogo de novo.

Mas não entendo... Mas vejo, e percebo, e então compreendo. Minha visão de mundo está mudando.
Só que isso não é mérito de ninguém. Apenas meu, que fui correndo pelo vento para aprender. E sabendo, posso ver que vejo diferente, e posso perceber o que nunca vi.

Aliás, isso me fez lembrar de uma conversa que tive com minha mãe outro dia... Ela pediu que eu visse algo que estava no meu campo de visão, mas negava-se a me mostrar onde estava.

Fiquei olhando um bom tempo para o tudo e não via nada, e ela não acreditando, brigava comigo. "Como assim você não vê?" A flor de jambo (como se fosse a coisa mais natural do mundo)!" "Mas aonde?" "No chão. Olha pro chão!". Até que finalmente ela se cansou e me mostrou.

Achei engraçado como ela argumentava... talvez um pouco até como a forma que ela não entendia o que eu contra-argumentava.

Como assim, assemelho-me a um homem porque não consigo ver o que está no meu campo de visão? Ver eu vi, só não enxerguei. É aquela diferençazinha básica entre como em rir e sorrir.

Na verdade eu não percebi. E isso é lógico! Como eu perceberia algo que não conhecia? Eu olhava o conjunto, me prendia aos elementos que eu conhecia, como quando os nativos avistaram as naus colonizadoras aproximando-se da terra em 1500. Há quem diga que eles só as viram mesmo algum tempo depois, quando seus cérebros já estavam aptos a perceber aquilo que viam se aproximando.

Agora meus olhos já conhecem o que é uma flor de jambo, e se alguma dessas cruzar o meu caminho um outro dia, eu poderei ser capaz de diferenciá-la, tal como não o fiz quando aquela flor rosa resplandecia no meio daquela paisagem marrom.

Ainda assim, não serei capaz de produzi-la nos meus pensamentos. Mas vivendo-a outras vezes mais, conseguirei. Sei que sim!

Tal como uma voz... [específica] Tal como um romance... [específico]

Mas ela jamais compreenderia...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A chuva.

Lá fora faz uma chuva tão gostosa, e eu aqui presa em frente à máquina... não, não. Não quero sair, não posso. Estou trabalhando, estou produzindo, estou analisando. Estou só fazendo um trabalho para a faculdade. Um trabalho que vale por todo um semestre. Um trabalho que por mais que me empolgue, me anime, não me completa, não me traz vontade.
O tema, bem interessante, não nego. Arquétipos. Algo muito complexo, eu diria, e talvez por tanta complexidade, formador de neuroses!
Arquétipos... cada eu num instante agora que depois se volta, e se reverte, tanto que me diverte.
Mitos. Mitos e arquétipos. Por que me é tão difícil relacionar se um vem do outro um é a imagem do outro, que somos nós naquilo que somos em comum.
Uma imagem que ilustra setores desse nosso banco de dados coletivo, concernentes à tantas gerações de uma raça tão estranha que é a humana. Arquétipo. é quase isso o que ele é. Mas não ouso em me atrever falar dele. Ou me mato na vergonha de perceber que à véspera de entregar meu trabalho ainda não sei explicar o que seja (embora pra mim eu já saiba o conceito).

Enquanto isso chove lá fora, uma chuvinha leve, descontraída, que me chama para a cama, mas o medo de não voltar é tão maior que nem sei o que faço.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Talvez hoje fosse um bom dia pra uma poesia... poderia até sentir-me levemente inspirada, mas não estou. Aliás, estou levemente preocupada, talvez justamente por não pensar em nada, talvez justamente por pensar em tudo, talvez justamente por não pensar em nada por pensar em tudo.
Penso, penso, penso. Muito penso e faço pouco. Me mato pra fazer tudo. Tudo ao mesmo tempo e enquanto há tempo. Ao mesmo tempo, não faço nada.
Dá uma angústia sabe, uma coisa aqui dentro... sinto que estou inoperante, ou que operar não vale nada. Nada custa, nada é...
Vou me comportar. Como foi mesmo que ele disse?
Algo mais ou menos sobre isso, aliás, era isso. Mas não lembro dos termos... aaah.. boas aulas de comportamental, têm me valido de bom divertimento, por assim dizer, se é que posso dizer.

Talvez hoje fosse um bom dia para dormir cedo também. Mas não o fiz. Não escreverei uma poesia também.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Vontades

Vontade besta.
Vontade besta e boba.
Vontade de lhe ver.
Vontade de lhe dar um abraço.
Vontade de segurar sua mão.
Vontade.
Vontade besta.
Vontade boboquinha.
Mas é vontade
E é só minha.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Porque eu acho tão divertido falar-lhe que custa-me o silêncio.

sábado, 30 de outubro de 2010

E o coração? Vai bem, obrigada!

Querido blog!

Bem, eu sei que o mais indicado seria a expressão "querido diário", mas bom, isso não é um diário, nem no sentido de escrever diariamente nem contar fatos corriqueiros dos meus dias na forma que são. Sim, sim, conto os fatos diários, mas sempre os encapo com plásticos coloridos e adesivos tal como meus cadernos de escola.


De qualquer forma, cá estou eu, pra contar vários fatos corriqueiros do meu dia, do jeito que eles foram, então não vou metaforizar, nem poetizar, vou apenas contar.

Pra que? Não sei. Se pá ao final eu descubro...

Então, comecei o dia de uma forma totalmente divergente do habitual [nos últimos tempos], passando no cardiologista antes de ir pra UFES. Não, não estou morrendo mais que o normal (daquele tipo "começamos a morrer no instante que nascemos" para os mais pessimistas), mas desde os 10 anos mais ou menos, eu frequento cardiologistas para monitorar a "doença" que herdei do pessoal da minha mãe: a hipertriglicerilimia e consequente hipercolesterolemia familiar.

Sim, uma pessoa tão magrinha quanto eu, pode ter triglicerídeos e colesterol em demasia. Tudo graças à genética!

Falando em magrinha, é... foi a primeira coisa que eu ouvi do meu cardiologista ao entrar na sala, depois de explicar que ainda não virei doutora, mas que é uma questão de tempo (mais ou menos assim depois dos 3 anos que me restam de faculdade, 2 do mestrado e os 4 do doutorado, caso eu não pule nenhuma etapa). Pois é... estou bem magra, foi o que eu respondi. E completei brincando, que ia entrar pra academia ano que vem (eu avisei antes que era piada). E a resposta simplesmente foi "nada de aeróbica pra você. Musculação.".

Ah sim... obrigada. Agora vou me sentir culpada porque provavelmente não entrarei pra academia (talvez eu considere se minha bolsa aumentar).

Mas não fiquei só de papinho com o "dotô" não... fiz toda aquela bateria de exames que manda o figurino, eletroencefalograma, e fiquei me perguntando onde a mocinha estava colocando o ponto de referência e o fio terra. São coisas importantes, pelo menos na eletroencefalografia. Eu me lembro de ter aprendido isso numa prática do projeto de pesquisa. Mas enfim, resolvi deixar a mocinha trabalhando em paz. Duas horas depois, fiz o ecocardiograma, e fiquei me perguntando qual a necessidade de a máquina reproduzir o som do meu coração de forma tão ridícula!

É sério! Lá da recepção eu ouvia o coração da senhorinha com nome de criança. Era tum-tum! Tum-tum. O meu não se parecia com isso, e eu ficava me perguntando se as pessoas lá fora estavam escutando... Não importa. O bom de ser amiguinha do médico é que podemos papear enquanto as coisas acontecem... e estávamos falando de carreira.

Além de músico, cardiologista e pateta, ele ainda é professor nas horas vagas. Professor de uma renomada faculdade aqui de Vitória, e conhecido por suas provas mega-difíceis... E ele se justificando pra mim. Não sei... ele até me convenceu da justa dificuldade que ele impõe.

Eu penso entrar pra academia (não a de musculação, mas me entregar à vida de eterna aprendiz e dispersora do conhecimento), e venho estipulado minhas pequenas regrinhas de ouro ao longo do que venho experienciando como aluna e monitora. E numa coisa eu tenho que concordar com ele: se ele tem que clinicar o dia inteiro, dar aulas, atenção à família e viver, ainda sim consegue tirar tempo pra estudar (porque se engana muito feio quem pensa que um professor sabe tudo o tempo todo e vive da máxima "quem sabe faz ao vivo"), um aluno que teoricamente só estuda (no máximo faz estágio também), tem que ter seu tempo pra estudar também!

Mas isso ninguém quer...

Enfim... pretendo não facilitar também... tenho gostado muito da experiência com os construtivistas, e a aprendizagem a partir do erro, principalmente quando se fala em nota e possibilidade de melhorá-la de forma tal que o aluno não fique sob controle da nota.

Coisas que tenho praticado como monitora. Fui corrigir relatórios essa semana, e não consegui dar um 9 sequer. Pensei numa professora que disse numa ocasião que não costumava dar 10, porque 10 é nota para o que está perfeito em todos os sentidos. Bom, a intenção era que os alunos refizessem seus relatórios corrigindo os erros apontados. Sinceramente, eu não refaria um trabalho em tempo de fim de período só porque eu tirei 9,5, mesmo com a possibilidade de ficar com 10. Então as notas relativamente baixas (entre 7,2 e 8,8) foram estratégicas e não tiveram função de desgraçar a vida de ninguém.

Esse projeto de dar a oportunidade de refazer o trabalho (e até re-responder a prova) são coisas que pretendo levar pra sala de aula quando for eu a professora. Eu acho que vai ser bem legal. Faço muitos planos para meu futuro como professora e espero que seja bem legal.

Depois de pensar isso tudo e finalizar minha conversa com o médico, peguei minha receitinha com mais pelo menos 8 exames que serão feitos a partir do meu sanguinho e fui pra um dia normal na faculdade.

E o coração? Vai bem, obrigada! :)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Que eu

Um misto de não saber e não querer
Que as vezes nem quero
Outras vezes nem sei
Umas vezes procuro
Noutras eu encontro
Te encontro
e te amo
E é um querer sem saber
Saber sem querer
Que quero o que sei
Sei mesmo sem saber
Que quero, que você
Que sei, que eu
Que sei, que você
Que quero, que eu...
Que você.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Está entranhado na minha pele
Emaranhado em meus cabelos
Presente em minha história

Eu vou fazer uma poesia com teu nome
Juro que ainda vou
Um dia...

Morte matada

Matei!
E matei mesmo!
Matei a minha fome,
Matei o meu desejo,
Matei a minha sede,
Mas não matei minha angústia.
Não matarás, dizia a tábua de pedra.
Mas tantos são os meus pecados
Que já nem sei se hão de ser perdoados
Que eu confesso:
Eu matei.
E não me arrependo!
Pois apenas de mim é que dependo
E sei, meu castigo será pequeno.
Pois que mal há em matar
Se já era um sonho sem vida
Se foi por um prato de comida
Se foi por você, minha amiga
Eu matei.
Matei a curiosidade
Nada grave
Mas parece que foi grande acontecimento
Apareceu repórter,
Fotógrafo,
Político e artista.
Chegou até mesmo gente que não sei quem
Só pra ver o moribundo.
Não sabiam se era gente ou se era pombo
Se era morte ou um desmaio
Se foi faca ou se foi tiro
Estrangulado ou envenenado
De morte morrida ou morte matada.
Na verdade não sabiam nem o que estavam olhando
Era apenas pela vontade de matar
Que eles o fizeram.
Ninguém entendeu muito bem
Quando por fim viu o ferido
Estatelado em meu sorriso
Indicando que a saudade
Tinha chegado ao fim.

domingo, 17 de outubro de 2010

E eu que me escondi atrás de uma cortina de vento voei para longe, e quisera me perder. Não um perder qualquer, um perder de mim, porque de ti já me perdi. Talvez quisera me encontrar, sem ao menos me procurar - eu não me procurei, só me escondi.
E eu que tinha dito já ter querido tanta coisa, não quero nada mais além de um bem. Não um bem comum. Um bem que me exista, que me valha, que eu possa tocar e expor. E contar pra todo mundo, este foi o bem que criei.
Aliás, eu que já criara tanta coisa, tantas vezes, tive vontade de encontrar pronto o caminho. Não por preguiça, nem vaidade. Quisera apenas descansar onde não podia repousar, e não sabes o sacrifício que me foi fingir que não queria por mim mesma.
E eu que já fora tanta coisa, tantas caras, tantas personas, máscaras e personagens, fora tua mãe e tua filha, tua mulher e tua menina, por um instante, quisera ser apenas eu.
E eu que já me contentara tanto tempo com o silêncio, apuro os ouvidos numa nova melodia, aquela que fará o vento quando me trouxer de volta.

domingo, 3 de outubro de 2010

Avassalador


Foi tu um reflexo de mim
Talvez por isso tenha sido tão avassalador.
Cada centímetro do teu corpo,
Que eu já sabia de cor
Era o mesmo corpo que me pertence.
E cada gosto que me delicia
Tinha o mesmo sabor em tua boca
Assim, eu pensava que te via
Mas na verdade, via a mim.
Aquilo que amei
O amor que desejei amar
Eros...
Hera.
Era a mim que eu queria amar
Se não fosse tu, um reflexo de mim mesma
Talvez não fosse tão avassalador.
E cada inspirar do teu perfume
Foi um inspirar da minha alma
Foi quando inspirei a mim.
Saber do teu passo
Que era o meu
Era saber de mim, o que me dava segurança
E se não fosse essa segurança tão insegura
Talvez não fosse tão avassalador.
Da intensidade do teu toque
Que era o meu,
Que sentia como volta de tudo que te dei
E só isso já me bastava
Porque era só eu.
E se não fosse tão eu,
Quem sabe não fosse tão avassalador.
Tudo que te descobria
Tinha o tão já conhecido gosto da novidade
E se não fosse tão você
Talvez não fosse tão eu
E assim, não seria tão avassalador.


Escrito na aula da Kathy na ultima sexta-feira

domingo, 19 de setembro de 2010

História pra May dormir


O nome desta poesia não foi em vão. Foi escrita por noites e noites, consecutivas ou não, para me fazer dormir. Noite passada eu consegui pensar na parte que faltava pra encaixar o final, e finalmente pude postar a história que estava me fazendo dormir... :)


Eis que o nobre cavalheiro
Que por ondas se embrenhava
Com seu instinto aventureiro
Uma paixão buscava

Incrédulo com tal possibilidade
Encontrou aquela Sereia
Cujas lendas desafiavam sua ingenuidade
A cantar na areia


Cantava um canto tímido
Que jamais ele escutara
Aproximou-se destemido
Sem nem notar o quanto se precipitara


Hipnotizado por tal beleza
Sucumbiu aos seus encantos
E a sereia com muita destreza
Poupou-lhe a vida, causando espanto


O que ele não entendeu
Foi o quanto ela o amou
Entregue ao seu canto se perdeu
Foi quando ela o levou

O nobre cavalheiro quis arriscar
Pois pela Sereia bonita
Viveria até no mar
Mesmo que sua vida fosse finita

Comovida por tamanha coragem
Ao Rei Tritão, a filha d'água foi suplicar
Que do nobre cavalheiro mudasse a imagem
Para com ela viver no mar

O Rei dos Mares comovido
Disse que atenderia ao pedido
Mesmo achando o moço atrevido
Se o amor dela fosse correspondido

Para pô-lo em prova então
Três testes Tritão sugeriu
Conhecido por sua fama de valentão
O moço logo sorriu

Sentindo-se deveras desafiado
O Pai das águas decidiu não facilitar
Deixaria o homem descredenciado
Para viver no fundo do mar

Primeiro, para provar o seu amor
Um instrumento devia escolher
Para uma melodia compor
E assim acompanhar sua futura mulher

Prova vencida facilmente
Pois ainda recordava
O canto que docemente
Lhe cantava sua amada

Duas provas faltavam ainda
Para os dois poderem se casar
Toda sorte era bem vinda
Pois logo logo iria precisar

Então foi lhe dada sua nova missão
 Munido de escudo e espada
Tinha que lutar contra um tubarão
Se quisesse possuir a mulher amada

Essa também não foi difícil
Embora tivesse se machucado
Deixou o bicho dócil
A ponto de ser pescado

Era a última chance que o mar tinha
Para com esse romance acabar
Perguntou o que tinha a donzelinha
Que o fizera por ela se encantar

Não sabia se era o cheiro de maresia
Ou o cabelo cor de ametista
Talvez fosse seu corpo poesia
Ou seu poder de conquista

Não vendo outro remédio
O rei mandou a todos anunciar
Que com seu intermédio
Os dois iriam se casar

Sem querer ser grosseiro
Pediu para a terra visitar
Enquanto ainda solteiro
Pra poder sua família buscar

E assim foi nosso guerreiro
Com seu amor na lembrança
Naquele fevereiro
Mês de tanta mudança

Sabia que mais que uma visita
Iria ele se despedir
Pois lhe disseram antes da partida
Que deveria se decidir

Primeiro viu seus amigos
Amigos da vida boemia
Com quem dividira tantos perigos
Perigos que não temia

Depois os bares
Os parques e as praças
As meninas que voltavam aos lares
E as crianças a correrem descalças

Sentiu um ponto de saudade
Mas já não sabia do que era
E já não sabia se era verdade
Que um dia de amores morrera

Enquanto isso lá no mar
A Sereia entristecida
Não conseguia mais cantar
Pois por seu amor fora esquecida

E não havia nada que pudesse ser feito
Viveria assim sem emoção
E pensando pela ultima vez no sujeito
Foi cantar sua mais triste canção

Uma melodia vazia
Expressando a dor do coração partido
Tudo o que ela mais queria
Era que ele a tivesse ouvido

Como golpe de sorte
O rapaz estava no cais
Ouvindo o som que vinha do norte
Que lhe tirava toda a paz

Lembrou-se então do seu amor
E lá de longe a avistou
Ouvindo aquele clamor
Pensou o quanto a visita lhe custou

Aflito, quis para seus braços voltar
Pensou em seu perdão suplicar
E para o mar foi gritar
Que de seu amor não ia abdicar

Olhou para traz mais uma vez
Antes de tudo esquecer
Imaginou que talvez
Com seu povo devia viver

Uma simples solução
Era trazer para a terra a Sereia
Percebeu de antemão
Que também ela, feliz não seria

Continuou a pensar
Em tudo o que poderia fazer
Para seu passado apagar
E o amor dos dois viver

Mas por fim percebeu
Que com ela não podia ficar
Pois seu destino era viver na terra
E o dela viver no mar

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Do que me intriga [ou seria revolta?]

Cara,
Simplesmente eu não compreendo. Não quero fazê-lo e muito menos aceitá-lo.
E isso vai muito além do princípio do "por que não eu?".

Talvez seja isso o que se chama maturidade, a tal que ele disse que me faltava ainda. Mas se o for, então já não sei de mais nada.

É uma questão de princípios, responsabilidades e mais ainda, de honrar os compromissos. Eu mais do que muita gente sei o que é estar abarrotada de compromissos, com uma agenda apertada, sem tempo pra nada, e sei que definir prioridades é fundamental. Não condeno quem o faz. Minha implicância é única e exclusiva com quem assume compromissos por fazê-lo apenas, inventam as desculpas mais esdrúxulas, e têm a cara de pau de ressurgirem das cinzas com uma nova responsabilidade que não condiz.

Fato que as vezes o que esperamos para nossas vidas implicam em forçar-se a dizer que "ainda bem que disseram não por mim, porque sozinha eu não o teria feito, e talvez hoje me complicasse", mas enfim. Meus compromissos estão honrados, com o meu suor e a graça de Deus, meus prazos estão em dia, e mesmo abraçando o mundo com as pernas, dou conta do recado, e se tiro tempo de alguma coisa é do meu tão afetado descanso.

Mas acredito, com muita fé que eu não sou modelo de nada, e cada dia que passa tenho mais certeza disso. E aqui não me coloco como menos nada. Se eu achasse que estou menos, coom certeza mudaria (tentaria) ou daria um jeito de provocar mudanças no meio.

Só queria mesmo falar que esse tipo de coisa me incomoda mais do que elefantes*.



*Da música infantil 1 elefante incomoda muita gente, dois elefantes incomodam, incomodam muito mais... x elefantes incomodam muita gente, (x+1) elefantes incomodam (x+1 vezes) muito mais."

sábado, 11 de setembro de 2010

Conformações (em 11/09/2010)

Não tem jeito.
Você nunca enxergará o mundo com os meus olhos, e eu sequer tenho o direito de te cobrar isso, por mais que eu ache óbvia minha teoria. Não é questão de sentimento superior - em nenhum dos lados - não é acreditar numa verdade única ou universal.

É apenas assumir a verdade de que o que me é favorável, não lhe é. As vezes isso me deixa triste. Não porque é minha vontade impor meus referenciais. Estaria mentindo se dissesse o contrário, mas não acredito que eu seja como aquele persanagem dos quadrinhos (Calvin), que acha que tudo seria muito mais fácil (e melhor) se todos concordassem comigo.

Hoje a aula me fez chegar a uma conclusão mais clara de algo que outro dia falava a um colega: "Sua opnião é importante sim, dar conselhos é bacana, mas não podemos exigir que as pessoas o aceitem. Elas têm suas próprias opniões e e suas razões de assim o ser".  O que foi falado hoje, foi no contexto da terapia, quando um paciente chega com um "problema" e a solução óbvia que achamos que ele deseja, não é necessariamente a que ele deseja. Seria algo do tipo "Como dez barras de chocolate por dia e me sinto culpado" a primeira vista, achamos que a finalidade da terapia seria comer menos chocolate, talvez reduzir o consumo a uma barra por semana. Qual a surpresa quando o complemento da frase do cliente é: "gostaria de fazê-lo sem sentir essa culpa".

Não quero entrar no mérito desse assunto, e sim no que me fez pensar - talvez com isso eu entre sim no mérito do assunto.  O que pretendo é apenas refletir sobre como as vezes - ou com certa frequência - eu me chateio com coisas que escuto. Coisas que não deveriam ser assim, mas não sei como fazer ser diferente - talvez isso mais me incomode.

Já vi o problema, já vi a raiz da solução, mas não consigo cavar para libertar essa mudinha para o desenvolvimento. Espero conseguir achar as ferramentas necessárias.

Logo que comecei a escrever, pensava em jogar tudo pro alto, mas agora vejo que não. Acho que tentarei mudar as estratégias, só preciso desenvolver um pouco mais o repertório. Talvez, quem sabe, eu não consiga fazer a diferença?

Eu não vou desistir.

Pretendo manter meu posiconamento de "não forçar ninguém a ver com meus olhos", mas acho que posso limpar as lentes que cobrem os olhos dos outros, depois de limpar as lentes que cobrem os meus.


Ps: Pra variar, não esgotei meu pensamento, e provavelmente perdeu a lógica o meu pensamento, enquanto eu escrevia. No entanto, não posso continuar escrevendo no momento, e ele morrerá se for gurdado nos rascunhos, tal como muitas coisas. Talvez outra hora eu volte com o raciocínio mais limpo.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Qual será o teu medo? É sério! Fico me perguntando, horas e horas, dias e dias. Parada. Imóvel. Inerte.

Olho fundo nos teus olhos, tento abrir minha boca, perguntar, mas o esforço é grande, a luta contra meus músculos é pesada, meus lábios se separam, então é a vez da minha lingua ficar presa. Forjo um suspiro e penso na pergunta: "Qual será o teu mistério?"

Esse olhar profundo, apontado ao nada, como se quisesse sempre dizer algo, mas não consigo saber o que é. Qual será o teu segredo? A face incrédula, como se estivesse sempre diante alguém que mente.

Conheço teu corpo em cada uma de suas minúcias, o peso do teu toque, o calor de tuas mãos. No entanto, não consigo saber qual será o teu desejo.

Passa-se uma manhã, a tarde foge, e novamente vem a noite, quando novamente paro e pergunto: "Qual será o teu encanto?" Por que te cercas de pessoas mil, de sorrisos e abraços e beijos acalorados, mas percebe-se num vazio tal que até tua própria alma se esvai?

Qual será o teu amor? Se lutas contra si o tempo inteiro, e sugere a força que vem do mundo, para sustentar o que é teu. E só teu.

Qual será tua magia? O que te tornas tão capaz de seduzir e enfeitiçar, somente por existir, sem nada oferecer, sem nada querer? E arrasta consigo multidões fiéis e devotas, por onde quer que ande.

Qual será a pergunta a ser feita? Caso tenha direito a uma só resposta, ao me jogar no mistério dos braços teus, ao encarar o segredo desses olhos, quando me perder nesse medo, tão encantador.

Qual será a resposta que quero ter, caso teus lábios também se separem e sua língua possa se mover?

Então percebo que ainda estou parada, sem nada fazer, sem nada a dizer, só pensando. Então saio da frente do espelho e sigo meu caminho...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Ciclo Vicioso

E voou
Longe, longe
Como se não houvesse um destino
Quem teria?
Foi alto
Foi distante
Foi intenso
Tão intenso quanto nunca tinha sido

E correu
Rápido, ligeiro
Sem rumo nem paradeiro
Quem acompanharia?
Foi lento
Foi disperso
Foi doloroso
Tão doido como nunca tinha sido

E chorou
Discreto, silencioso
Precisava ser mais alto
Quem consolaria?
Foi triste
Foi repentino
Foi solitário
Tão só como nunca tinha sido

Então amou
Louca, desesperadamente
Talvez nunca mais o faria
Quem corresponderia?
Foi puro
Foi bonito
Foi para sempre
Afinal, como seria diferente?

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Palavra

Palavra
Pra falar de mim
Pra dizer de onde vim
É o campo que esta poetiza
Esmeramente lavra
Para ver se concretiza
Uma única
Palavra...
Se veio falar do meu amor
Ou expressar toda minha dor
Se são cheias de paixão
A situação se agrava
Se não foi esta, minha intenção
Mais uma
Palavra
Que me embaraça agora
Mas que meu peito devora
E me faz querer dizer
Pra ver se desta angústia me livra
Tentar convencer você
Então a última
Palavra
E da luta me retiro
No pensamento me refugio
Pois se a ti não faz sentido
Se minha presença não te agrada
Então do alto da pedra eu atiro
Meu pobre coração partido
E não há mais nenhuma
Palavra...

sábado, 14 de agosto de 2010

[In]Decisão

Tá resolvido!
Desta vez não passa!
Mas se eu der outra chance...

Gosto mais do azul!
Porém o pretinho me caiu tão bem
Vou levar o rosa!

Melhor irmos por esse caminho.
Talvez se virarmos à esquerda...
Não, não. Por aqui é mais garantido!

Tudo bem... desta vez é definitivo
Acho que consigo
Quem sabe na próxima tentativa

Me resolvi! Acho que sim
Se bem que...
Melhor não

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Retorno

Então resolvi juntar tudo!
Mentira, não vou juntar nada. Talvez não me liberte, talvez nem mesmo me afete. Famosos casos em que venho escrever nada. Oooooou... o que me ocorreu no caminho de volta pra casa.

As vezes, venho ouvindo música, as vezes lendo alguma coisa (intermináveis textos pra ler), as vezes venho pensando coisas... E são nessas ocasiões que a opção rascunhos no centro de mensagens do meu celular fica cheia de coisa inacabada. Conclusão: nunca fico de tudo relaxada quando volto pra casa, ou quando vou à universidade. Bom ou ruim andar acompanhada de mim mesma?

Não sei... não sei...

De novo cá estou
Com os versos a nascer por minhas mãos
Pra dizerem tudo aquilo que não quero dizer.

Talvez tenha passado despercebido
Ou eu tenha perdido
No fim não tenho agora
E nem me entende!

Só queria poder falar...
Só queria saber o que falar.

Mas não importa
Eu voltei para dizer
Tudo aquilo que não posso escrever.

sábado, 7 de agosto de 2010

Solitário

Neste momento
Eu queria te abraçar
Olhar com ternura
E fazer um cafuné.
Olho para minhas próprias mãos
Treino um cafuné em meus cabelos
Mas não tem o mesmo efeito
Onde encontrá-lo então?
Onde devo buscar?
Ou melhor, o que devo buscar?
Penso, penso, penso
E mesmo assim não encontro
Então não penso mais.
Até mais ver.



De alguma forma não gostei dele, mas em algum lugar eu gostei... como não quero que se perca...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Curta

Mas há de se restar um sorriso
Um último suspiro

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Meu carinho

Tão sedento de carícias
Olhas em minha direção
Sem pestanejar,
Te aceito em meus braços
E te acolho com meus afagos

Com teus carinhos corresponde
E não posso não permití-los
Mesmo que afoito, marques minha face
Sei que não é por mal
E assim aceito o teu amor

Tão puro e inocente
Olhas-me através do espelho
Curioso, permaneces olhando
Como quem descobre algo novo
A mim, só resta o encanto

És frágil, pequenino e precioso
Dono de um amor e cuidado
Que apenas será teu
Mesmo que um dia cresças e te tornes forte
Ainda sim, será meu precioso.

Hoje teu choro partiu meu coração
Mas teu riso consolou a minha alma
Tua presença afastou os maus pensamentos.
Por isso quero transmitir à ti
Tudo que transmites a mim

Quero ensinar-te coisas bonitas
Ver-te aprender aquilo que ainda não sabes
Apoiar teus planos, planejar novos sonhos
Contar-te histórias, ajudar-te a crescer,
Meu pequeno bebê.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Inspiração

Falta que faz
Sorriso que não nasce
Desejo que não tem.

Sorte que nunca vem
Esperança que não desiste
Paz que vem pra ficar.

Silêncio dos justos
Amor em pedaços
Coração cicatrizado.

Tormenta maior
Amor puro incendiado
Amor que deseja.
O sol que nasce
A lua que brilha
Nessa pele sua.

E tudo o que agora quero
Que entre silêncios espero
Minha boca tocando na sua.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Caixinha de música

E hoje eu resolvi arrumar meu quarto de verdade... comecei inocentemente, arrumando a mesinha de make, quando me vi já estava colocando as roupas pra fora e de fora pra máquina, e parei agora na zona proibida (aquela que só tafunho coisas sempre, mas nunca lembro de tirar). Senti orgulho de mim, porque acordei com o espírito do "jogue tudo fora" e realmente não entendi o que a joça da etiqueta da roupa estava fazendo ali... e caixinhas de mil coisas... aihn... tudo pro lixo!

Acabei a parte mais crítica da zona (porque é a parte do meu estoque, então de quando em vez eu mexo sim) e pulei pra prateleira de baixo... tirei alguns trecos e tudo o mais, parei numa caixinha de música cor de rosa. Encarei-a.... Abri... Fechei... dei-lhe corda e abri de novo.

Aquela musiquinha ficou tocando em cima da cama enquanto eu tirava outras coisas, enquanto cantarolava a música da caixinha "mesmo querendo não posso ser sincera, pois nos meus sonhos eu me confesso. E nesses sonhos voam fantasias, que muitas insônias me causarão. Agora mesmo eu queria ver-te, estar comigo sob a luz da lua, mas essa luz não deixa eu dizer-te que quero viver uma nova emoção. Um caleidoscópio é meu coração, luz da lua guie este amor...".

De repente, parei de cantar, e só escutei. Senti a música tão longe, tão triste, e bateu uma nostalgia gostosa. Voltei àquele Natal de 1996 quando ganhei a caixinha de música, meu primeiro diário, o broche da Sailor Moon, um livro da coleção "Salve-se quem puder" e fui fazendo todo o percurso até hoje. De todas aquelas coisas que existiam em 1996, hoje, só restam-me três: A caixinha, o meu diário e a Mayarinha...

Mas ah... Tão gostoso!

:)

domingo, 25 de julho de 2010

Hóstia branca

Acho que nunca falei da minha religião aqui no blog. Sei lá, acho que nunca me senti inspirada pra escrever sobre... mas hoje, nos últimos dias, nos últimos tempos... Tenho experimentado algo que não sentia há tempos.

Sempre soube, sempre senti a presença de Cristo na Comunhão, este não é o problema, aliás, esta é a solução. Não sei se foi passar a passar mais missas lá no altar, com o pessoal da Liturgia, se foi por estar mais presente nas minhas funções da Igreja, ou pelo momento que passei.

Mas semana passada, ao comungar, senti uma força estranha, sabe? Um poder... como se tudo o que eu quisesse fazer fosse possível, como se o mundo pra mim não fosse limite. Maravilhoso! Hoje, hoje foi um tanto diferente... estava já meio fragilizada com algumas rasteiras que andei levando da vida, aquele papo da prima que quando dá uma coisa certo, tenho até medo das três que darão errado, mas enfim... não era meu melhor dia hoje, e verti várias lágrimas durante a missa, embora não quisesse chorar ali, principalmente hoje, mas enfim, acho que fui discreta...

Até que... até que... ai. A consagração... tão linda (ainda bem que não foi cantada... acho que choraria de soluçar). De alguma forma teve um significado novo pra mim, coisa que deveria ser sempre, que eu deveria até saber explicar, mas enfim. Epifania, talvez. Daí, foi a primeira comunhão de uma mulher, conhecida minha, casada com um amigo dos meus pais do tempo do ECC, e por isso, teve um fundo todo especial... e eu vendo-a lá em cima do altar, com vestidinho branco, lembrei-me daquele novembro do ano 2000, quando quem vestia o vestidinho branco era eu.

Da alegria que senti, a vela que ainda deve estar guardada aqui em casa, e fui mais além. Fui quando em meados de Abril, Maio, quando meu irmão fez a primeira comunhão e eu esperava toda a família voltar da fila da comunhão... vê-los todos lá, indo receber Jesus, e eu sentadinha no banco, esperando eles voltarem, e sozinha, só pensava quando seria minha vez, quando eu poderia experimentar aquele paozinho santo, aquela hóstia branca, cheia de poder, quando poderia ter Jesus no meu coração, e silenciosamente eu chorava por não poder Tê-lo comigo, e não deixava que ninguém percebesse...

Finalmente, então pude recebê-lo em meu coração, e de mais uma forma integrá-lo à minha alma. O alimento do espírito... Tudo isso voltou hoje de forma muito forte... vinha voltando tempos atrás, mas hoje...

Selando este momento com o passado, pensei numa música, que não me lembro a autoria, e estou realmente com preguiça de procurar, o que importa é a letra...
Que bom Senhor
Ir ao Teu encontro
Poder chegar
E adentrar a Tua casa
Sentar-me contigo
E partilhar da mesma mesa
Te olhar, Te tocar, e te dizer: "Meu Deus, como és lindo..."
Oh Meu Senhor,
Sei que não sou nada
Sem merecer
Fizeste em mim Tua morada
Mas ao receber-Te
Perfeita comunhão se cria
Sou em Ti, és em mim, minh'alma diz: "Meu Deus, como és lindo..."
Linda, linda... mas não foi essa que me fez chorar hoje... Silvinha voltou com uma música que eu não ouvia há tempos, mas que me chamou atenção da primeira vez que ouvi. Hoje então, aproveitando todo esse meu espírito de coração amantegado, anotei um trechinho (contando com meu esquecimento) pra procurar em casa. E não é que eu não esqueci!? :D
Aí procurei e achei.
Vejo-te um último segundo
Boa noite
Vou domrir.

Sonho-te de novo
Porque agora abraçada ao travesseiro
Já dormi.

Então acordo
E vejo a mim
Então me preparo
Que é pra te ver mais uma vez

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Poesia

Mera distração

domingo, 18 de julho de 2010

Suspirações

Num primeiro suspiro
levanto
Penso no alguém que admiro
e canto.

Num suspiro apertado
choro
Penso em tudo aquilo
que faço.

Num grito abafado
desabafo
Me invade todos os momentos
que penso.

Num sussuro leve
cochicho
Falo tudo que te quero
e rio.

Num silêncio estridente
calo
Vejo todos os lados
me perco.

Num ultimo suspiro
deito
Penso em ti
e sonho.
A sina nossa me distrai
Então toda mágica acabou
E sobrou apenas o pó
Foi o pó do qual vim?
Ou o pó que a gente joga fora?

sábado, 17 de julho de 2010

Amigo

Eu tenho tanto pra lhe falar
Mas ao menos sei como dizer
Não sei se sua vida quero mudar
Talvez apenas apoiar aquilo que queres ser

Se trazes marcas do seu passado
Permita-me tentar cuidar
Paraque durmas sossegado
No aconchego do seu lar

Eu te quero mais que um conhecido
Caminhando comigo
Que possa ouvir despercebido
Eu dizer: "Meu querido amigo"

quarta-feira, 14 de julho de 2010

E se eu quisesse correr longe
Correria.
Para onde nem o tempo nem vento
Pudessem me alcançar

E se eu quisesse sumir
Me esconderia
Poderiam me buscar dia e noite
De nada adiantaria

E se eu quisesse manter segredo
Me calaria
De forma tal que nem a meu maior encanto
Contaria

E se eu quisesse ficar perto
Voltaria.
Não para qualquer lugar,
Mas pra onde você está.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Pois sempre será a lembrança que gostarei de recordar.
Dos momentos do passado
Da imaginação do futuro
Do vivido no presente.

Sempre, sempre, sempre
Da forma que está
Do jeito que me agrada
Da maneira que te vejo

De como sempre quis ver
E como será
Doce do amargo
Paz do tumulto
Silêncio do estrondo
Eu de você.
Primeiro a batatinha, segundo a carninha, por último o arroz.
O arroz não, por último o sorvete!
:D
Tem coisas que nunca mudam
E eu gosto assim!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Quem é você?
De que lado você vem, e por onde você anda?
E se tanto anda, por que não anda ao meu lado?
Por que não para ao meu lado?
Neste momento, eu poderia facilmente apertar o seu nariz
e dizer coisas bonitas.
Só pra tentar descobrir você.
Só por ser você...

domingo, 11 de julho de 2010

Deeeeeeeesaaaaacaaato!
Deeeeeeeeeeesaaaaagraaado!
Descaso
Desdenhado
Deeeeeeeeesoooordem!
Desorganizado!
Desmentido
Des...virtuado!
Desprovido
Desrespeitado!
Desmemoriado...
Descalço...
Descansaaaaaaaado
Descolado!
Desavisado
Desconhecido
Des...confiado
Descrito
Desenhado.
Desencontrado...
Desfeito...
Desenganado.
Despercebido,
Desacreditado...
Desviado,
Sorriu.

sábado, 10 de julho de 2010

E só o amor é capaz de transformar
Só o amor é capaz de criar
Qualquer amor que seja

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Um brinde à todos os hipócritas!

E quer saber do mais?
Agora eu vou é por a boca no trombone! Vou é mesmo reclamar. Acho desaforo! Ai ai ai!
Sabe... desde algum tempo, acho que um pouco antes da Psicologia fazer parte da minha ciência propriamente dita, eu já vinha pensando sobre isso... Quem descreve a My, descreve como um ser risonho, bobinho, inocente... ótimo! Tudo isso mesmo. Perdoo (confesso que já fui melhor nisso), me calo, me zango em silêncio, mas observo. Não tenho olhos de lince, não fico futucando, procurando detalhes pequenos, apagados em meio as evidências, mas observo, observo o passado, observo o presente, observo as observações.

E são justamente as observações que me irritam!  Sabe, aqueles moralistazinhos, donos de uma teoria tão, tão, cor-de-rosa de bonitinha, cheia de planos, promessas, brindes e recompensas aos de bem, que se esquecem de serem pessoas de bem?

Ou então eu devo estar muito enganada né? Talvez ser pessoa de bem é dizer: "Eu pago todas as minhas contas, não estupro criancinhas, não traio meu parceiro , tomo banho e todas as vacinas, não vasculho o lixo do vizinho, nem furo fila. E você fica se fazendo de santinha, depois de ter feito tudo aquilo? Tem dó né!". Ah tem dó né!
Acho que isso não é ser pessoa de bem não. Muito pelo contrário... Ajudar as pessoas a crescerem é ser de bem.

Agora é muuuuuuito bonitinho encher a boca pra falar de amor ao próximo, falar que é uma pessoa legal e ser pooooooodre por dentro! Ser tão doce, tão carinhoso, tão injustiçado e ser o grande causador de injustiças. Fazer o outro sofrer.

Tem gente que erra feio, eu sei. Eu já errei feio, talvez numa situação um pouco mais favorável a mim, e tenho certeza que também já o fez! Mas acho que não justifica. Nem justifica tanta gente vir pra cima e crucificar. E isso me deixa mais profundamente irritada quando envolve pessoas que se intitulam cristãs e que dizem viver a cristandade.

Sim, sinto o tapa na cara que estou dando em mim mesma, mas a minha dificuldade momentânea de esquecer não está gerando tanto furdunço quanto tenho visto por aí...

Aliás, tenho pensado muito esses dias o que devo fazer pra acabar com isso... não com o que os outros andam dizendo, mas com o que EU ando dizendo... Sei lá, é meio que pra expurgar, to tentando digerir o que me causou incômodo, mas parece que nunca cura... Confesso que me sinto meio perdida com isso. Mas não me sinto bem. E por isso estou tentando acabar com isso. De toda a forma que eu puder tentar, mas estou tentando! No fundo, acho que só preciso exercitar meu setenta vezes sete!

E claro, a Santa Paciência...

Sei lá, eu erro sim, faço cagada sim. Mas eu busco (não digo que consigo sempre) relevar de forma tal que eu esperava que me fosse relevado. Pior você que é feio! ;p

Traz de novo

Tava vendo meu blog hoje... coisas que ficaram pra trás... tinha esse poema que tava lá escondido, gosto dele. É de novembro de 2009...


Poesia está na alma
É da cor, do cheiro e do gosto que tem.
Poesia é verso, é rima
De frases curtas conto a prosa que na cabeça me vem.

Poesia não é simplesmente poesia
o tom da verdade
A pura fantasia
Qualquer coisa que expresse um momento de felicidade.

Poesia é a alma.
O cantor, a poetiza.
Versos são versos
Que encanta e acalma.

Poesia sempre será poesia.
Será a voz de quem se cala
A esperança da profecia

Da vida tiro uma lição
E dela com meus versos,
Faço uma canção
Que é pra ver se desperto
Seus olhos tão dispersos.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Hoje senti uma vontade de voar
Uma vontade de me dar
A possibilidade de cantar
A alegria do tentar

Hoje senti que de fato podia voar
Que talvez pudesse amar
Que era fácil sonhar
Que eu podia lutar

Hoje me vi voar
Talvez foi por pensar
Que estava fora do lugar
Mas não me deixei acovardar

Hoje acreditei voar
Quando encontrei o teu olhar
Depois de te lembrar
Um instante depois de te beijar

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Pílulas de felicidade

Felicidade... é complexo dizer sobre ela...
A grosso modo, costumo acreditar que ela não existe! Talvez seja apenas uma soma, uma média que se faz.
Momentos felizes? Esses sim, aos montes, e até quem não tem olho pode ver! ;D
Então... aí você soma todos os momentos felizes, e os não felizes, tire a média, e veja qual é mais.
Ter-se-á encontrado, pois, a felicidade.
Ou seja, felicidade é passado, o que há de se esperar do futuro então?

domingo, 4 de julho de 2010

Se pudesse fingir
Que o ontem fosse hoje
Ou que o amanhã fosse daqui a três minutos
O que você criaria?

Se pudesse inventar
Uma nova forma de cantar
Ou uma outro motivo de silenciar
A quem você dedicaria?

Se de tudo o que pudesse
Fosse possível mudar a face
Quem sabe a verdade
Quem você seria?

sábado, 3 de julho de 2010

[Re]Descobertas

Direto ouvia músicas com meus pais que nunca mais ouvi depois de grandinha... Daí que de vez em quando aparece uma...
Essa, de quando em vez eu cantarolava, sem saber muito do quando e do porquê, até que de repente, eis que surge ela ao acaso nas músicas recém-baixadas, o que acontece quando a gente resolve baixar discografias completas por causa de uma música... rs

Enfim... acho ela doce, gostosinha e bonita...


Lua e Flor (Oswaldo Montenegro)

Eu amava
Como amava algum cantor
De qualquer clichê
De cabaré, de lua e flor...
E sonhava como a feia
Na vitrine
Como carta
Que se assina em vão...
Eu amava
Como amava um sonhador
Sem saber porquê
E amava ter no coração
A certeza ventilada de poesia
De que o dia, amanhece não...
Eu amava
Como amava um pescador
Que se encanta mais
Com a rede que com o mar
Eu amava, como jamais poderia
Se soubesse como te encontrar...
Eu amava
Como amava algum cantor
De qualquer clichê
De cabaré, de lua e flor...
Eu sonhava como a feia
Na vitrine
Como carta
Que se assina em vão...
Eu amava
Como amava um pescador
Que se encanta mais
Com a rede que com o mar
Eu amava como jamais poderia
Se soubesse como te encontrar...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Se é que me permites
Vou-me embora
Vou pra longe
Pra além dos meus pensamentos
Para além de tuas ideias
Para além da tua memória

Se é que me permites
Partirei
Assim quem sabe,
não vejas minhas lágrimas
Assim quem sabe,
não vejas que sou eu

Se é que me permites
Serei eu
Apenas eu...

terça-feira, 29 de junho de 2010

A saudade em mim agora
a saudade me devora
e me apavora
e não tem ora
se foi antes ou agora
no fundo, só a saudade importa.
Se foi mágoa,
se foi apenas um estrago
vista numa foto que trago
que me lembra seu afago
É tudo que me traz essa saudade
e tudo que me invade
que me faz sentir covarde
por esconder aquilo que no meu peito arde.
Mais cedo ou mais tarde,
só saudade.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Se meus versos não fossem tristes
Se meus risos fossem comuns
Se meu silêncio se fizesse ante ao seu
Poderia eu afetar você?

Se eu não te buscasse em cada verso escrito
Em cada poema lido
Em cada passo perdido
Poderia eu encontrar você?

Se minha reza não fosse forte
Se meu santo não ajudasse
Se não fosse a minha sorte
Poderia eu chegar até você?

Se não fossem os meus sonhos
Se nçao fosse nos meus versos
Se não fosse nas minhas teorias
Poderia você chegar até a mim?

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sinais

E eu que já tinha visto tanta coisa
Pensei que já soubesse identificar os seus sinais.
E eu que já esperava que viesse
Fiquei como uma criança que espera o presente, esperando seus sinais
Eu que já pensara tanta coisa
Sonhei noites e noites com o vazio, interpretando seus sinais
E eu que já correra tantos riscos
Fiquei sem saber se corro ou se paro, olhando seus sinais.

domingo, 20 de junho de 2010

Janela do passado

Lembra aquela menina de franjinha que adorava brincar com a lenha do fogão?
Aquela que cuidava dos gatinhos, entrava no galinheiro pra atentar as galinhas e escolhia a fruta mais alta do pé pra pedir pro primo?
Pois é...
Ela continua existindo...




 *valeu Jorda! :)

sábado, 19 de junho de 2010

Janela de ontem

Caramba!
Uma visão do passado me ocorreu agora, de uma coisa que era gostosa que só.
Não, não ando nos meus dias saudosistas, pensando em como o passado era bom e o hoje é uma porcaria... penso que se se tivesse parado nos 6 ou 14 anos, talvez tivesse ficado no plano do mais fácil, mas o campo da experiência, esse jamais teria sido  afetado da forma que foi.

Sim, posso considerar que meus 15 anos em diante foi uma graaaaaande revolução na minha vida. Sabe... o CEFETES (antigo ETEFES, atual IFES, meu eterno CEFETES), tanta coisa mudou aos pouquinhos lá, tantos "baques", deixar de ser a aluna número um da turma, compreender que as pessoas podem sim discordar da minha visão de mundo, saber que trabalho apresentado não é sinônimo de nota máxima, descobrir e aceitar que gays estão ao meu lado o tempo todo, e eu não preciso olhar com cara de nojinho, nem imaginar que gay é um homem vestido de mulher ou uma mulher vestida de homem.

Não sei se todas as mudanças (ou grande parte) foram obra de um novo estágio do desenvolvimento segundo a teoria de Piaget, ou se eu só aprendi, ou se eu só cresci.
Enfim. Veio a UFES, sem esquecer do cursinho, e pá... o que foi o cursinho... acho que nunca me levei tão a sério na vida... e ao mesmo tempo, acho que não deixei de ser divertida! Uma vez uma coleguinha virou pra mim e disse "A sua sorte é que você é nerd, May. Se não ninguém te levaria a sério, que nem o fulaninho lá"... po... eu acho que fiquei contente e aceitei como elogio, apesar de ela ter-me chamado de idiota.

Agora sim, UFES... o mundo se abriu de uma forma que jamais tinha visto igual, e sei que ainda tem muita coisa que está por vir... Tantas mudanças, tantas crenças novas, ideias, composições e decomposições, verdades e inverdades, pensar diferente, agir diferente, ser congruente. Tudo muito novo, tudo muito igual...

Mas na verdade, eu queria falar do passado beeem passado mesmo, que foi o que eu vi quando falei no orkut sobre aparecer na janela pra eu falar um oi... Cara... minha infância! há!

Lá no prédio, aquele da rua do Vintém, que foi da minha infância... do qual eu chegava lá do playground e gritava ao andar mais alto que a voz chegasse: "DEEEEEEEEEEEEEEEEEESCEEEEEE!!!" ou até a tia aparecer na varianda brigando, dizendo que tínhamos interfone... Hoje temos msn! Hoje não conheço ninguém do prédio, a não ser um vizinho, dois... mas não tem mais play...
Eram altos papos via gogófone, pique-bandeira, pique-pega, pique-inventado, primeira (talvez única) queda com patins - o que quase me rendeu um nariz quebrado!

Janela também eram todas aquelas que eu pulava lá em Alegre quando o portão estava fechado, ou a porta estava longe, ou quando a traquinagem falava mais alto, ou porque era... muro, cerca, nunca gostei muito de pular, mas uma janela... aaaah uma janela... ainda as pulo, devo confessar! Não as da minha casa, seria isso suicídio, nelas apenas sento pra ver a lua, as estrelas... Mas naquele tempo, eu olhava pra cima pra ver as núvens... aquela que parecia um ursinho, aquela que era um dragão ou um menino...

Coisas tão divertidas! =D
Ontem eu ia falar sobre fotos antigas que eu achei num dvd... tanta coisa, tanta cena, tanto momento, melhor parte é relembrá-los, tampar o rosto e dizer pra mim mesma "não acredito que fui capaz de falar assim, me vestir assim e sair na rua"... mas no fundo, eu bem que me divertia...

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Então... tava procurando um envelope de papel, no auge do meu desespero a esta hora da noite e no entanto achei meu caderno do primeiro período da faculdade... nele continha um poema, que estranhamente achei legal. Estranhamente porque geralmente não gosto dos meus escritos depois que o momento passa. Enfim... pela sua localização no fim do caderno e o texto que vem antes, suponho ser de uns dois meses para o fim do período, talvez um. Arrisco que foi na aula do Nelson (TSP I)... bom, vai lá.


Tal como quero e deve ser, sou
Tanto e quanto tenho, temo
Temo tanto, contudo e sempre, que as vezes me perco
em meus medos, meus sonhos e eus desejos
Desejo o que posso e o que não devo
Como não devo, sou grata, e meus desejos: ingratos
Quem diz?
Quem me move?
Qual a força?
Onde se organiza?
Não me organizo, apenas sou, apenas sinto
Sentir, saber e ouvir, não são feitas por observação
Sem observar, sem ver, sem tocar, só se pode acreditar
E acredito não saber, não sentir e não sonhar
Sonho apenas o que penso, o que falo, o que desejo
Desejo que sou.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Sobre a distância do longe

Não importa se for o suficiente pra não te ter perto

Fotos



É uma só foto
De um presente
Um passado
Que guardarei para sempre.

É apenas uma foto
Uma imagem de um rosto
Talvez de um momento sem sentido
Ou algo que eu tenha perdido

É apenas uma imagem
Um momento congelado
Mas sinceramente,
Poderia me lembrar de você assim para sempre.
Dentro de mim mora uma vontade
Uma vontade que nem sei bem
Que tem teu nome, teu cheiro
Teu rosto, teu corpo

Dentro de mim mora um medo
Um medo que conheço bem
De que de repente não estejas mais
Tão perto, tão certo

Dentro de mim mora uma ideia
Uma ideia que quero bem
Mas o silêncio é sua sina
Pois temo, pois quero

Dentro de mim mora uma imagem
Uma imagem que me acompanha bem
Fico lembrando do teu rosto, teu sorriso
Tão seu, tão seu.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Devaneios mal sucedidos

Sabe, no fim das contas, eu gosto de devanear. Gosto de ver como um filme a cena que não tive coragem ou oportunidade de produzir... São tão mágicos! Vejo as vezes as declarações que não fiz, aquelas que não ouvi, ensaio emoções, reações, interações, supestições, indagações, imposições, e as tais declarações.

Aquelas declarações do tipo que você nunca sonha em fazer, da forma mais emocionante de todas (muito mais emociontante que as declarações feitas sob efeitos especiais de filmes de Hollywood) que nunca teria possibilidades de fazer, da forma mais bem sucedida possível (o sim mais bonito de ver e ouvir)... Dai você volta à realidade, e vê que não é nem capaz de olhar nos olhos dele enquanto conversam.

Claro que devaneios não vivem só de contos de fadas. Há simulações de brigas que poderiam ser desencadeadas se e somente se você dissesse que não concordava com o outro por motivo qualquer, ou se simplesmente tivesse tido coragem de xingá-lo e dar-lhe um ponta pé.

A questão, é que essas coisas [os devaneios] eliciam em mim respondentes de variadas topografias, algumas mais perceptíveis, outras mais controladas... Mas me causam respondentes.

Ótimo! Prestei atenção às aulas este semestre. E dai? Feliz? Não! Ainda falta mais. Porque todo comportamento criativo depende de contingências anteriores, aquelas que fazem parte da história de vida. Percebe-se aí que vários fatos descritos são baseados em contingências passadas, como um filme visto, um fato vivido no qual uma pessoa reagiu e causou uma briga (emocionante, diga-se de passagem).

Pois bem, o que desencadeou meu comportamento de escrever desta vez foi simplesmente um devaneio mal sucedido. Devaneio este apenas mal sucedido porque embuti nele estímulos aversivos, que definitivamente não gostaria de parear a estímulos que por ora me são reforçadores. Isso engloba todo aquele papo de história de vida que falei lá em cima e blá blá blá, que sem dúvida fica pra outra hora.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Horas

Hoje já não sei mais que horas são
São horas, sem hora
Sem vontade de ser
Sem vontade de estar...

Hoje já não sei mais que horas são
E não me importa
Pois a porta ainda está aberta
Mesmo que um tanto discreta discreta
E estou esperando você voltar

Hoje já nem sei mais que horas são
Se é tarde ou se é cedo
Do tempo não tenho medo
A não ser que ele fuja dos meus dedos

Hoje já não sei mais que horas são
Então corro parada,
Pra chegar ao meu destino
Que o camiho pede passagem


Hoje já não sei mais que horas são
Se a ti nenhum minuto eu dedico
Da minha paz eu abdico
Só pra voltar a lhe ver

Hoje já não sei mais que horas são
Mas toda manhã
Com um riso e uma prece
eu trago você pra perto.

Confessionário

Confesso que as vezes tenho medo
De gritar em meio a todos
De subir a pedra correndo
De cair no lago fundo

Confesso que ainda tenho medo
Medos que tinha de pequena
Que aprendi a minimizar
Mas as vezes maximizam-se

Confesso que as vezes tenho medo
De dizer tudo o que penso
De dizer tudo que sinto
De fazer tudo que quero

Confesso que ainda que o tempo passe terei medo
Medo de fazer juras falsas
Medo de errar a palavra escrita
Confesso que tenho medo de confessar na janela errada

segunda-feira, 7 de junho de 2010

As vezes fechos os olhos que é pra sonhar que você vem. Mas ah... aprendi na tal da psicologia que o sonho a gente bem não escolhe, é consenso que é uma atividade do nosso cérebro, baseada em nossa experiência, mas se é reflexo, fruto ou desfruto do desejo, ou se é uma rememoração dos fatos dos nossos dias, se é um comportamento como outro qualquer, ainda tenho minhas dúvidas. Só tento sonhar.

É realmente complicado não lembrar do sonho, não sei se sonhei contigo, se o sonho foi só comigo, se quer tenho a certeza de que sonhei. Aliás, dentre tantas coisas que dizem, dizem que o sonho vem toda noite, e é quando alcançamos o R.E.M.* que ele acontece. Bom, dae que eu tenho insônia, durmo tarde, acordo relativamente cedo... será que alcanço o R.E.M.? Pode ser que não, não sei.. muitas vezes ouso apostar que não, mas é apenas uma entre tantas teorias.

O problema maior de não chegar ao sonho no dia seguinte, é não saber jamais se sonhei ou não contigo. Sei lá... é algo que meio que se parece com a amnésia alcóolica, sabe? Não que eu tenha experiênciado, mas só de ouvir relatos... ou melhor, os não relatos! (risos) No mínimo é bastante estranho viver sem lembrar de ter vivido, beijar sem lembrar o sabor do beijo, tocar sem sentir de fato... não conseguir relatar... Não relatar pra todo mundo, relatar pra si, pros próprios conteúdos, pras próprias poesias... lembrar...

Por um segundo penso que seria muito legal lembrar de tudo, não a ponto de deixar meus pensamentos em pane, mas lembrar dos momentos, das coisas, do que deveria ser lembrado, como que o dentista é na quinta, e não na segunda!

Mas ainda me questiono: Será que sonho com você quando fecho os olhos?
Penso que os devaneios são mais garantidos... afinal, devaneios são para mim formas de sonhos lúcidos, sonhos que eu posso intervir, bem, minha imaginação. E com certeza, devaneios podem ser mais divertidos.


* ou rapid eye movement (movimento rápido dos olhos)

domingo, 6 de junho de 2010

Confusão a dois

Se nada acontece por acaso,
Seria tudo pela força do descaso?

Desconfio, meu caro...
Desconfio.

Mas confio na verdade
Verdade ou vontade?

Ah... tanto faz.
Só que de tanto fazer, desfaz.

Tem sentido
Claro que faz, afinal, o que tá sentindo?

Acho que dor... dor na nuca
Dor nunca!

Ah... então saúde!
Deus te crie sem saudade.

Sem saudade? Impossível!
Tudo é possível

Não entende...
Nem sequer compreende.

É analfabeto?
Podia ao menos ser discreto.

Ser discreto é fingir que tá tudo bem?
Não disse que há algo errado...

Então tá tudo certo!
Desculpa se não fui esperto.

Tá desculpado
Neste caso, então você é o culpado!

Mas será o Benedito?
Deixa o santo pra depois, que esse papo tá esquisito!

Neste caso traga o santo
Pois com ele me garanto.

Pra mim já chega!
Peça a conta e mais uma cerveja.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

E onde eu vou agora,
Se meu caminho não tem mais fim
Se meu destino já não tem volta
E se minha mão não tem mais a sua?

O que fazer se o que nos juntou foi o que separou,
Se a alegria virou tristeza
E se o nós virou eu e você?

Pra onde seguir se perdi o rumo
No mesmo segundo que viraste as costas,
Se a madrugada é fria
E não te tenho mais pra esquentar meus pés
e acalorar meus pensamentos?

Qual será o caminho
Se os passos se apagaram na areia,
E a cidade nos rodeia,
Num monte de carros e prédios
que não nos deixam chegar perto?

Se o lugar separado
É o lugar do abraço,
E é onde eu quero estar...

O que fazer se o pretérito não é perfeito,
Se o futuro mais perfeito
É o futuro do pretérito?

O que fazer,
Se tudo o que eu queria
Era ser
Aquilo que não posso ter?

segunda-feira, 31 de maio de 2010

[Re]compor

Estou me recompondo
Pra ver se me escrevo
Pra ver se me acho

Estou me compondo
Pra ver se me apago
Pra ver se me escondo

Estou recompondo
Pra ver se fica
Pra ver se cola

Estou compondo
Pra ver se volta
Pra ver se solta

Recomponho
Pra ver se acerta
Pra ver se fica perfeito

Componho
Pra ver se erra
Pra ver se fica torto

Então decomponho
Pra ver se começo tudo de novo.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Quando me perco

Cinco minutos que se dorme a mais
Um momento que se deixa passar
Não volta. Não se recupera.
E de repente tudo se perde
E é quando me perco de mim...
Por que sempre acontece comigo?
Por que sempre me perco?
Por que sempre perco?
Por que tudo se perde de mim?
Coisa pouca.
Coisa pouca é muita coisa!
Definitivamente, eu detesto perder coisas
Definitivamente, eu detesto perder você.



* Desenho feito por Pedro Larroza

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Então seus olhos encheram-se de lágrimas, mas ela não permitiu-se chorar.
Olhou para os lados, olhou para cima, olhou para si.

Pensou em tudo que a avó lhe ensinara sobre sorrir na sala e chorar no quarto. Mas a vontade era agora, ali mesmo, na frente dos seus, na frente dos outros. No quarto o sangue já estaria frio e ela apenas choraria por pena de si.

De repente, chorar por pena de si não parecia tão ruim. Talvez ela até merecesse, juntamente com o choro de milhões, com as  velas de mil almas caridosas. Talvez somente suas lágrimas, seus pesares, seus pensares.

Mas chorar parada, ali mesmo, ainda era uma opção. Tentou ser razoável, tentou não pensar, Tentou até sorrir, mas definitivamente, sorrir não era opção.

Olhou em volta novamente, enfiou as mãos em um dos bolsos e sacou seus fones. Colocou-os nos ouvidos e seguiu ouvindo a música. Com certeza não fora a canção mais alegre de sua vida, mas ela ouviu e seguiu com resiliência.

A menina colocou os fones no ouvido e esqueceu-se do mundo. Não reparou no sinal que estava aberto, não reparou na criança chorando, nem no sorvete derretido no chão. Não reparou a nova construção, no homem a gritar seu nome.

Reparou apenas em si. Permitiu que a música invadisse seu corpo, sua alma, seus pensamentos. Seguiu, e então sorriu.

O que me pedes

Teus cabelos pedem alento
Teus olhos pedem meu olhar atento
E eu, atendo

Tua fala pede atenção
Teu sorriso pede resposta
E eu, respondo

Teus braços pedem abraço
Tua mão pede a minha
E eu, dou

Teus olhos pedem a voz
Teus ouvidos pedem silêncio
E eu, silencio

Teus passos pedem passagem
Teus pensamentos me pedem perto
E eu, desperto

terça-feira, 25 de maio de 2010

Das correntes do medo

As vezes tenho medo de ser o lugar errado.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Mesmo que mude

Mesmo que mude
Mesmo que se faça feliz
Mesmo que me faça feliz
Não posso mais ficar aqui
Te esperando
Te ouvindo
Te confidenciando
Não posso mais ficar aqui
Fazendo planos
Fazendo sonhos
E sem fazer nada
Sem ser nada
Só seu.

[in]decisão

Sempre que você quiser
Tudo o que você quiser
Como você quiser
Mesmo que não
Quem sabe um sim
Quem sabe um se

Do que se escreve no caminho de volta pra casa

Sonhei que era eu
eu era o sol
mos o sol era você

Negando que te sonhara
despertei
lamentando tua ausência
devaneei

Do novo sonho era eu
um eu que não te era
o que era antes pensamento
agora se faz presente

sábado, 22 de maio de 2010

Lugar da alma

E onde está minha alma nisso tudo que acontece?
Onde está a fonte dos meus pensamentos, a pureza da escrita?
Pureza que é aquilo que nasce por si, e que se faz por si, vem do vazio, do profundo, do que dizem coração...
Palavras verdadeiras, sem rimas falsas, palavras, parole, words, worte, paroles, focail, não importa, são apenas palavras.
Palavras que gritam, palavras que calam, que me calam, que me calam num berro de um silêncio estridente, mas que ainda sim, são apenas palavras.
E onde está minha alma nisso tudo que acontece?
Está no som do silêncio, no frio da palavra, no gosto da voz, no pulsar da memória, na expressão do desejo, no calar  do calor.
Ela corre de mim, como eu corro do medo, corro do fogo, voo no vento. É minha voz que tento evocar, é quando a contradição invade a certeza, na certeza que será como uma dúvida e quando os fatos se tornam fotos e eu me mostro fraca.
 Sinto, inspiro, expiro, deixo estar, da forma que será, só espero encontrar, afinal
Onde está minha alma nisso tudo que acontece?

domingo, 16 de maio de 2010

Sinto os passos leves, a poeira, o chão
Sinto o balanço, o ritmo,o tom
Sinto o tocar, as mãos, o abraçar

Desejo o desejar, a simplicidade, a realidade
Desejo a melodia, o arranjo, a harmonia
Desejo o olhar, o sorrir, o afagar

Experimento o acariciar, a serenidade, a felicidade
Experimento a viola, a voz, a canção
Experimento o riso, o verso, o encanto

Sinto a música
Desejo a dança
E danço

sexta-feira, 14 de maio de 2010

E vou fazer uma canção das mais bonitas, que será só para nós dois...

terça-feira, 11 de maio de 2010

Quanto tempo cabe em um segundo?

A conversa começou com o seguinte trecho da música "O ano passado que vem", do Paulinho Moska:
Ninguém pode ser feliz
Só os ignorantes
Que não prestam a devida atenção
Que não procuram a Verdade
Preferem sorrir pra ilusão
De viver uma só realidade
E aí retruquei com o primeiro verso da mesma música: "Quantas horas cabem em um segundo?"
Difícil responder, eu diria... mas pode piorar muito mais, foi o que ela* fez: "Quantos momentos cabem em um segundo?" foi sua cruel resposta.

Vê bem: as vezes, as horas são intermináveis dentro dum segundo justamente pelos momentos e pelas coisas que experimentamos nos momentos que vivemos nas horas do segundo, e "a quantidade de coisas: sentimentos, pensamentos, toque, cheiro, visão, muita coisa"*, e que cada coisa pode ser tocada, sentida, pensada e todo o resto de tantas formas tão singulares, que é tão complexo, que deixamos parecer que é um tudo tão rápido que parece que foi menos de um segundo, mas que levamos uma vida inteira pra esquecer.







* ela é Julia Alano :)

sexta-feira, 30 de abril de 2010

É que no fundo a gente se parece...

domingo, 25 de abril de 2010

Como se fosse

Como se fosse de um suspiro
A menina levantou-se do sonho
E foi preparar-se pro dia que nascia

Preparou as torradas com geleia
E tomou o café puro
Como se fosse seu cardápio preferido

Foi trabalhar
Como se fosse algo encantador
Encontrar tudo como sempre

Como se fosse o último segundo
Saiu apressada e foi ao teatro
Assistir ao concerto da orquestra com os amigos

Chegou em casa e trocou o pijama
Olhou-se no espelho e fez pose
Como se fosse modelo

Deitou-se na cama
Abraçou o travesseiro e dormiu
Como se fosse feliz.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Então hoje corrigi minhas primeiras provas e achei legal. Mas não sei se acharei isso pra sempre.
De qualquer forma, viva as monitorias de anatomia! o/
E já faz uma hora que estou aqui, deitada na minha caminha provisória esperando o querer dormir.
Já faz uma pá de tempo que os olhos pesam, mas a cabeça está a mil, um misto de pensamentos, sentimentos, lembranças, e tudo isso me deixa confusa, angustiada.
Pesnso no que será amanhã, mas não faço planos. Ao contrário, penso só em chegar em casa...

Submersa nas letras de "O Teatro Mágico", me adentro num mundo alheio, que é gostoso, mas ao mesmo tempo triste. Bem resolvido, mas intrigantes, diversos.

Muita coisa passa na cabeça minha neste momento. Milhões e milhões de neurônios ligam-se e desligam-se a cada isntante me fazendo formar um novo pensamento, que não me deixa descansar.
Sério, queria descarregar tudo aqui agora, maaaaaas... não convém e ao certo não sei quem é.
Vai que depois vira outra historinha...

domingo, 18 de abril de 2010

Passado de um tempo que não existiu

A paz desgarrada
Desgarrada da alma
Alma sem paz
Paz que já não tenho

Reflexo desejo
Do sonho desfeito
Desfeito ou não feito
Que sonho eu não tenho.

A alma pede
O coração quer
A mente não imagina
O cérebro pré-medita.

Perseguição?
Juras falsas
Perdidas no tempo
Do tempo que não cura.

Vontade de gritar
Fugir e voltar
Voltar e dizer
Tudo que não foi dito
Em um tempo que não foi vivido.

Injusta?
Ou seria injustiça?
Uma gramática talvez não explique
O que minha língua questiona.

Quando o tempo é grande demais?
Dois meses ou mais
Pra quem deseja um minuto já é muito
Pra quem despreza 5 anos é um pulo.

Mas não desejo nem desprezo
Quando o tempo é demais?
Se o reforço é intermitente
Quando o tempo é demais?

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Sonhei que te sabia
Que te sentia
Que te era

Devaneio porém
De tudo despertei
De nada recordei

No fim, do que era me perdi
Do que sentia não vivi
Do que sabia esqueci

Mas que o sonho reflete o desejo
Não posso negar
Se hoje não te sonho
É porque posso te realizar.

domingo, 4 de abril de 2010

Dos versos inacabados

Por cada caso
Acaso do descaso
Nas noites frias
Gélidas e imorfas
De onde não há planos
Sonhos e escândalos
Na mesma noite aquecida
Que a criança dorme.

Nessas horas não há eu
Não há você
Não há perdão.
Não há sintonia
Não há melodia
Não se faz nossa canção.

Mas mesmo assim
Eu peço
Eu quero
Eu espero.

E o ar que eu busco
A paz que procuro
Tudo perdido
Tudo em vão.
Com as tardes se foi
Me restando apenas a escuridão.

E de tudo que ainda tenho
Dos planos e sonhos
O plano se faz reverso
E o sonho é passado
Tudo é descaso e solidão.

Das tardes vazias,
Os versos tristes
Palavras fúnebres
Pensamento inquieto
Corpo insão.

E por mais que eu fuja
Que eu grite e implore
Meu verso se fez carne
E meu corpo deu o tom.

sábado, 27 de março de 2010

História do Ratinho

Era uma vez um ratinho, um ratinho bonitinho e fofinho, daqueles branquinhos e de orelhinhas grandes. É... era um ratinho muito especial, mas ele não sabia disso. Sentia-se diferente dos outros ratinhos do laboratório só porque seu rabo era centímetros mais curto sem se dar conta, porém, que seus olhos eram tão, tão vermelhos e assustados quanto de seus companheiros.
Uma noite, passeando pelo laboratório, percebeu um pequeno volume intitulado “42”. Curioso pelo título, com muito esforço, abriu o livro e colocou-se a ler. Porém, não entendia muito bem a escrita humana, e parecia haver muitos termos específicos, o que dificultava ainda mais o trabalho. Imaginando haver uma forma mais fácil de absorver o conteúdo literário, devorou páginas e páginas, deixando por vezes uma mordida em uma, uma página arrancada em outra, até perceber que aquela história não o preenchia.
Qual foi a balbúrdia na manhã seguinte quando o rato do conselho adentrou na gaiola com os restos do livro que acabara de adquirir da biblioteca dos humanos. Era sua grande conquista, e estava ele devorado. Destroçado.
E de quem era a culpa? Não se admitia temendo um castigo cruel. Um pouco apreensivo, após alguns segundos de tensão, nosso ratinho confessou a culpa, dando seus argumentos plausíveis. O conselho era formado pelos mais variados tipos de ratos, desde ratos voluntários em projetos de neurociências até aqueles que só esperavam a hora de serem dissecados. Como a confusão pertencia a um único membro do conselho, este tinha o poder de julgar sozinho.
Resolveu, pois absolvê-lo, advertindo-o que livros não deveriam ser comidos, pois serviriam para alegrar alguém em algum momento específico. Temendo que o rato-conselheiro voltasse atrás em sua decisão, desculpou-se e comprometeu-se a não mais fazer aquilo.
No entanto, devorar o livro foi algo que lhe causou extremo prazer, e por vezes sentia-se preenchido com os livros que degustava escondido na biblioteca da universidade. Até que um dia foi descoberto.
Sem saber o que fazer, fez-se de dormindo, como sonâmbulo, despertando os cuidados de seu melhor amigo, que passou a passar noites e noites em claro, vigiando o amigo, pois sabia que se ele fosse pego atacando a biblioteca novamente estaria encrencado.
O rato, porém, era muito engenhoso e caprichoso, e desejava continuar sua leitura tão efusiva. Convenceu o amigo de que ele iria apenas ler, ver as figuras ou somente estar naquele ambiente que o deixava tão contente. Inocente, o amigo permitiu que o ratinho se achegasse à biblioteca, vigiando caso chegasse alguém. Acontece que no meio da aventura, apareceram na biblioteca algumas ratazanas, conhecidas do nosso protagonista, e estes o convenceram de devorar pelo menos um último livro, como forma de despedir-se.
Temendo ser rechaçado pelos colegas, assim ele fez, no entanto fora descoberto. Como por instinto, fez-se passar pelo amigo, e como estava escuro ninguém percebeu a diferença. O amigo que outrora cuidava dele, estava agora marcado em sua comunidade, desacreditado, e pior de tudo, perdera o acesso ao que mais gostava, a literatura, enquanto o outro, não só retomara o acesso à biblioteca como também o direito de frequentar a área vip.
Viu o amigo sofrer as consequências de seus próprios atos e nada fez, ao contrário, sentiu-se bem, sentiu que era respeitado e aprovado pelo grupo, por ser visto como regenerado, como bom rato, como melhor que o outro que agora era discriminado.
E essa pseudossensação de vitória o fazia sentir-se cada vez melhor, e queria ver isso acontecer novamente – o ar de vitória – e sem importar-se com as consequências ia cada vez mais deteriorando a imagem de seus iguais, tirando-lhes aquilo que mais gostavam e tomando pra si, para que todos pudessem ver e parabenizá-lo com orgulho.
Acontece que não muito tempo depois, fora transferido do laboratório de fisiologia um rato novo, e este não possuía olhos vermelhos e assustados. Seus olhos eram negros, e denotavam muita coragem. Isso incomodou muito o rato... de qualquer forma, ele queria tirar-lhe o ar de coragem e segurança do novato, mas não suspeitava que seria mais difícil do que ele imaginava.

___***___

Pois é. Não sairá deste pequeno conto o fim da história, ao contrário, cabe a cada um desejar o fim que achar mais digno. Se o ratinho perderá essa batalha, ganhará, se redimirá, cometerá suicídio ou for para dissecação, ou qualquer outro fim. É seu.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Diário de Insônia II

É... pois é..
não sei se a ideia de diário de insônia vai dar certo, porque diário implica todos os dias, e acho que até pra contar o dia precisa de inspiração, mas não estou inspirada e essa é uma semana atípica.

Aconteceram coisas ruins e estranhas também nos últimos dias atípicos. Vou pensar em metáforas bem poéticas para descrevê-los e parecer tão lindo quanto não é.

Antes de tudo porém, devo organizar minhas ideias, e tenho ciência de que para tal, preciso estar com o sono em dia, o que tem-se tornado beeeem complicado.
:|

Fim.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Diário de Insonia parte I

Então... Tenho sentido bastante falta de blogar frequentemente, e hoje, entre uma lata e outra de coca-cola (método mais refrescante que tenho para adquirir pequenas doses de cafeína aqui na universidade) que tive a ideia de começar um diário do sono.

Na verdade, isso não tem nada a ver com o meu blog, com o que eu costumo escrever aqui e coisa e tal, maaas... Como consta no texto presente na descrição do meu perfil aqui, “escrevo pra me libertar”, e de repente estou querendo me libertar da insônia. Sendo assim, por que estou escrevendo em plenas 16 horas e 28 minutos deste dia ofuscantemente ensolarado? Provavelmente porque este é o único tempo semi-vago, livre-pensante do meu tão [mais um] exaustivo dia.

Enfim.

Este é o vigésimo terceiro dia que sucede o início do período letivo. Bem, não comece a achar que minha próxima frase será algo do tipo “e não vejo a hora de chegar o último!”, não, definitivamente não! Cada minuto dedicado a este período é por mim apreciado, e tem o sabor de aquisição de conhecimento, um resquício da nerd que havia em mim. Também não vou dizer que ele me é um fardo, que perco horas do meu dia lendo, lendo, lendo. Isso é bem verdade, mas cara, é cada coisa que eu leio que me deixa tão espantada com a capacidade humana de apreender conhecimentos, de assimilar e acomodar coisas, beem no sentido psicológico da fala, que tudo o que eu queria era ter capacidades cognitivas de absorver 13% de tudo isso, seja em comportamental, evolucionista, desenvolvimento e qualquer umas das outras cinco matérias e dois grupos de estudos que participo atualmente.
Ok, percebe-se um acumulo de cargas, mas não acho que seja algo extremamente “sofrível”. Na verdade, os únicos dias que realmente me cansam, são terça e quinta, por acaso meus dias favoritos, mas é que cara, são dias em que a rotina acadêmica começa muito cedo, e praticamente não tem hora pra acabar. Pra ser bem sincera (ou sem cera, sem máscara) as rotinas desses dias iniciam na noite do dia anterior, bem depois de uma tarde de dar inveja na faculdade.

Por exemplo a segunda-feira (por acaso ontem). A rotina começa pela manhã, concluindo o mapeamento que provavelmente não concluí no domingo (geralmente essa tarefa inclui o término da leitura do texto, coisa que também não fiz). Dae almoça correndo, chega à faculdade correndo e atrasada (coisa pouca, cerca de 10 ou 15 minutos), assisto às aulas que seguem até as 19h, para então chegar em casa, por volta de 19:40, 20h para um pouco a cabeça, jantar alguma coisa e retomar a rotina estudiosa. Nisso se vão algumas horas dispensadas às leituras de textos para psicologia Social, Evolucionista e NEAC, nos quais não sou capaz de escolher um e abdicar. Com um pouco de sorte, acabo tudo até 1h da madrugada, e mesmo sem sono, vou me deitar. Neste momento então, escolho algum filme pra assistir, pra ver se me distrai e o sono vem. Em vão. O sono que vem as 21h some e não volta nem querendo.
Consigo dormir um pouco antes das 4h da madrugada, em breve terei de levantar para não perder a checagem de leitura às 8:20 do dia seguinte. Desta noite, pude aproveitar duas ou três horas de sono.

Na faculdade, o dia se encerra às 19h, novamente, caso o grupo não vá até mais tarde, o que sem dúvida me deixa muito animada quando acontece – sinal de que tivemos muito a discutir, muito a aprender. E não tem escapatória. Textos de Desenvolvimento, Personalidade e TSP para ler. Sim, sim, ignoro os textos de TSP, o que não me deixa muito contente, mas já me sinto tão esgotada que não tenho capacidade de processar nada mais.

Deixarei o resto da rotina da ausência de sono para amanhã, pois devo voltar à biblioteca e estudar um pouco mais. o/