Pra começar, já aviso que muito me agradam as pessoas que se perfumam, principalmente as do outro sexo.
Talvez seja um pouco forçado afirmar que as essências revelam a personalidade das pessoas, ou coisas do tipo, ou pelo menos não tenho tamanha sensibilidade. Mas alguma coisa me vem quando sinto as fragrâncias emaranhadas à pele das pessoas. Algumas simplesmente me atraem pelo seu cheiro, outras me causam repulsa.
Mas o que quero dizer neste momento, é sobre o uso desmedido deste artifício, tratando aqui daqueles [e aquelas], que todos os dias, antes de sair de suas casas, tomam banho de perfume. Proponho aqui dois porquês:
Primeiro: acredito que os perfumes devem ser apreciados de perto, à distância de um toque, um abraço, uma carícia, não a três metros de distância! O cheiro deve no futuro fazer menção a uma pessoa específica, não a probabilidade de pessoas ou transformar-se no cheiro ambiente. Mais importante, é fazer ter certeza de que o aroma permanecerá em seu dono e sob hipótese alguma deverá permanecer em terceiros como algo além de uma lembrança. Trato portanto da sutileza do perfumar. Perceba como é eficaz frases do tipo "aproxime-se, deixe eu sentir teu perfume", ou "gosto de te abraçar pra sentir o teu cheiro"... é em contexto semelhante que o Rastapé mostra como é malandrinha a pessoa que sabe usar um perfume
"Moreno me convidou para dançar um xote
Beijou o meu cabelo cheirou meu cangote
Fez meu corpo inteiro se arrepiar
Fiquei sem jeito e ele me acolheu junto ao peito
E foi nos braços desse moreno
Que eu forrozeei até o dia clarear"
Se a senhorita tivesse com um perfume que fosse percebido à distância, de repente teria perdido a oportunidade de se achegar ao moço que lhe fora tão carinhoso...
Segundo: acredito que feromônios artificiais não devem anular os feromônios naturais. O aroma suave de uma fragrância agradável deve na verdade ser um convite a sentir-se o odor natural, fixo na pele, assim, tornar-se-ia muito mais fácil reconhecer um parceiro em potencial.
Ou mais! Segundo estudos, uma criança (bebê) pode acalmar-se ao cheirar uma peça de roupa materna e agitar-se caso a peça não pertença à sua mãe.
Agora, se nada disso convence, pense apenas na poluição olfativa. Imagine se todos resolvessem usar todo o vidro do seu perfume favorito de uma só vez [e todos na mesma ocasião] e saísse às ruas.
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