domingo, 19 de setembro de 2010

História pra May dormir


O nome desta poesia não foi em vão. Foi escrita por noites e noites, consecutivas ou não, para me fazer dormir. Noite passada eu consegui pensar na parte que faltava pra encaixar o final, e finalmente pude postar a história que estava me fazendo dormir... :)


Eis que o nobre cavalheiro
Que por ondas se embrenhava
Com seu instinto aventureiro
Uma paixão buscava

Incrédulo com tal possibilidade
Encontrou aquela Sereia
Cujas lendas desafiavam sua ingenuidade
A cantar na areia


Cantava um canto tímido
Que jamais ele escutara
Aproximou-se destemido
Sem nem notar o quanto se precipitara


Hipnotizado por tal beleza
Sucumbiu aos seus encantos
E a sereia com muita destreza
Poupou-lhe a vida, causando espanto


O que ele não entendeu
Foi o quanto ela o amou
Entregue ao seu canto se perdeu
Foi quando ela o levou

O nobre cavalheiro quis arriscar
Pois pela Sereia bonita
Viveria até no mar
Mesmo que sua vida fosse finita

Comovida por tamanha coragem
Ao Rei Tritão, a filha d'água foi suplicar
Que do nobre cavalheiro mudasse a imagem
Para com ela viver no mar

O Rei dos Mares comovido
Disse que atenderia ao pedido
Mesmo achando o moço atrevido
Se o amor dela fosse correspondido

Para pô-lo em prova então
Três testes Tritão sugeriu
Conhecido por sua fama de valentão
O moço logo sorriu

Sentindo-se deveras desafiado
O Pai das águas decidiu não facilitar
Deixaria o homem descredenciado
Para viver no fundo do mar

Primeiro, para provar o seu amor
Um instrumento devia escolher
Para uma melodia compor
E assim acompanhar sua futura mulher

Prova vencida facilmente
Pois ainda recordava
O canto que docemente
Lhe cantava sua amada

Duas provas faltavam ainda
Para os dois poderem se casar
Toda sorte era bem vinda
Pois logo logo iria precisar

Então foi lhe dada sua nova missão
 Munido de escudo e espada
Tinha que lutar contra um tubarão
Se quisesse possuir a mulher amada

Essa também não foi difícil
Embora tivesse se machucado
Deixou o bicho dócil
A ponto de ser pescado

Era a última chance que o mar tinha
Para com esse romance acabar
Perguntou o que tinha a donzelinha
Que o fizera por ela se encantar

Não sabia se era o cheiro de maresia
Ou o cabelo cor de ametista
Talvez fosse seu corpo poesia
Ou seu poder de conquista

Não vendo outro remédio
O rei mandou a todos anunciar
Que com seu intermédio
Os dois iriam se casar

Sem querer ser grosseiro
Pediu para a terra visitar
Enquanto ainda solteiro
Pra poder sua família buscar

E assim foi nosso guerreiro
Com seu amor na lembrança
Naquele fevereiro
Mês de tanta mudança

Sabia que mais que uma visita
Iria ele se despedir
Pois lhe disseram antes da partida
Que deveria se decidir

Primeiro viu seus amigos
Amigos da vida boemia
Com quem dividira tantos perigos
Perigos que não temia

Depois os bares
Os parques e as praças
As meninas que voltavam aos lares
E as crianças a correrem descalças

Sentiu um ponto de saudade
Mas já não sabia do que era
E já não sabia se era verdade
Que um dia de amores morrera

Enquanto isso lá no mar
A Sereia entristecida
Não conseguia mais cantar
Pois por seu amor fora esquecida

E não havia nada que pudesse ser feito
Viveria assim sem emoção
E pensando pela ultima vez no sujeito
Foi cantar sua mais triste canção

Uma melodia vazia
Expressando a dor do coração partido
Tudo o que ela mais queria
Era que ele a tivesse ouvido

Como golpe de sorte
O rapaz estava no cais
Ouvindo o som que vinha do norte
Que lhe tirava toda a paz

Lembrou-se então do seu amor
E lá de longe a avistou
Ouvindo aquele clamor
Pensou o quanto a visita lhe custou

Aflito, quis para seus braços voltar
Pensou em seu perdão suplicar
E para o mar foi gritar
Que de seu amor não ia abdicar

Olhou para traz mais uma vez
Antes de tudo esquecer
Imaginou que talvez
Com seu povo devia viver

Uma simples solução
Era trazer para a terra a Sereia
Percebeu de antemão
Que também ela, feliz não seria

Continuou a pensar
Em tudo o que poderia fazer
Para seu passado apagar
E o amor dos dois viver

Mas por fim percebeu
Que com ela não podia ficar
Pois seu destino era viver na terra
E o dela viver no mar

1 olhar(es):

Paulo disse...

Gostei prima... =)