terça-feira, 19 de outubro de 2010

Morte matada

Matei!
E matei mesmo!
Matei a minha fome,
Matei o meu desejo,
Matei a minha sede,
Mas não matei minha angústia.
Não matarás, dizia a tábua de pedra.
Mas tantos são os meus pecados
Que já nem sei se hão de ser perdoados
Que eu confesso:
Eu matei.
E não me arrependo!
Pois apenas de mim é que dependo
E sei, meu castigo será pequeno.
Pois que mal há em matar
Se já era um sonho sem vida
Se foi por um prato de comida
Se foi por você, minha amiga
Eu matei.
Matei a curiosidade
Nada grave
Mas parece que foi grande acontecimento
Apareceu repórter,
Fotógrafo,
Político e artista.
Chegou até mesmo gente que não sei quem
Só pra ver o moribundo.
Não sabiam se era gente ou se era pombo
Se era morte ou um desmaio
Se foi faca ou se foi tiro
Estrangulado ou envenenado
De morte morrida ou morte matada.
Na verdade não sabiam nem o que estavam olhando
Era apenas pela vontade de matar
Que eles o fizeram.
Ninguém entendeu muito bem
Quando por fim viu o ferido
Estatelado em meu sorriso
Indicando que a saudade
Tinha chegado ao fim.

1 olhar(es):

Jordana Diógenis. disse...

putz

q inveja dessa saudade
que saudade dessa inveja
queria matar a minha tb...