quarta-feira, 26 de maio de 2010

Então seus olhos encheram-se de lágrimas, mas ela não permitiu-se chorar.
Olhou para os lados, olhou para cima, olhou para si.

Pensou em tudo que a avó lhe ensinara sobre sorrir na sala e chorar no quarto. Mas a vontade era agora, ali mesmo, na frente dos seus, na frente dos outros. No quarto o sangue já estaria frio e ela apenas choraria por pena de si.

De repente, chorar por pena de si não parecia tão ruim. Talvez ela até merecesse, juntamente com o choro de milhões, com as  velas de mil almas caridosas. Talvez somente suas lágrimas, seus pesares, seus pensares.

Mas chorar parada, ali mesmo, ainda era uma opção. Tentou ser razoável, tentou não pensar, Tentou até sorrir, mas definitivamente, sorrir não era opção.

Olhou em volta novamente, enfiou as mãos em um dos bolsos e sacou seus fones. Colocou-os nos ouvidos e seguiu ouvindo a música. Com certeza não fora a canção mais alegre de sua vida, mas ela ouviu e seguiu com resiliência.

A menina colocou os fones no ouvido e esqueceu-se do mundo. Não reparou no sinal que estava aberto, não reparou na criança chorando, nem no sorvete derretido no chão. Não reparou a nova construção, no homem a gritar seu nome.

Reparou apenas em si. Permitiu que a música invadisse seu corpo, sua alma, seus pensamentos. Seguiu, e então sorriu.

1 olhar(es):

milinhazero disse...

Às vezes, não é exatamente o riso o melhor remédio, mas a música. A música causando o [sor]riso.