sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Princípio da insônia

Tem horas que o correto a ser feito é ir dormir, mas simplesmente quero ficar mais e mais acordada. Não sei pra quê! Se fico parada, olhando pro nada, pensando em pensar em nada, não seria melhor estar tentando sonhar? E se for pra sonhar, não seria melhor sonhar dormindo do que sonhar acordada?

Talvez fosse melhor viver enquanto se estar acordada. Deixar pra imaginar quando se está repousando. Mas é um não sei o que, uma talvez vontade tanta de viver que dormir seria um desperdício.

Me lembrei agora dos medos que a noite traz, que a noite trai. Esse silêncio, que faz com que o barulho do teclado seja tão forte e claro quanto o som do rock que ponho durante o dia para suprimir os barulhos dos carros que teimam em passar correndo, levando o tempo e tudo mais que desejam. Essa falta de movimento, que faz com que um simples digitar vire uma tarefa tão ágil, e parece tão produtivo o produzir de quatro linhas vãs.

O mínimo vira o máximo. O inseto pequeno quadruplica seu tamanho na sombra que faz na parede, e assusta a criança que fui. O carro que passa apressado na rua, traz uma luz passageira para o funco do meu quarto, numa brincadeira que quase é gostosa, mas o vento move a cortina, e acumula sons desnecessários (e amedrontadores). A menina perde o sono no medo, aquele medo que a deixa presa na cama temendo tudo o que não conhece (e que nem morta deseja conhecer).

Parece um absurdo estar acordada enquanto todos dormem (mais absurdo é estar escrevendo da cozinha). Mas estou aqui, com preguiça de dormir, sem querer conhecer mais nada, porque por hoje já está bom. Mas quem sabe, o final daquele livro?

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